Como descoberta de garoto escravizado de 12 anos ajudou a popularizar a baunilha no mundo

Como descoberta de garoto escravizado de 12 anos ajudou a popularizar a baunilha no mundoCrédito, GETTY IMAGESLegenda da foto, Todas as plantas de baunilha cultivadas no mundo hoje são polinizadas manualmente, uma tarefa extremamente trabalhosaArticle informationAuthor, Diego Arguedas OrtizRole, BBC World's TableHá 1 horaA história da baunilha, como na maioria das culturas verdadeiramente internacionais, atravessa o atlas mundial. Apesar de Madagascar dominar hoje o comércio global, ela surgiu nas florestas do México e da América Central, quando uma orquídea evoluiu desenvolvendo o sabor distinto e marcante que hoje conhecemos tão bem.O que talvez seja mais interessante sobre a baunilha é o fato de que sua indústria multibilionária existe por causa de um menino escravizado, de 12 anos, que viveu há 180 anos em uma remota ilha do Oceano Índico. Mas para chegar lá, a orquídea cujos frutos contêm a essência doce de baunilha fez uma viagem impensável. Sua história começa no México, onde o povo indígena Totonac, que se estabeleceu por volta de 600 d.C. na costa atlântica, sentiu seu cheiro pela primeira vez."Os Totonacs coletavam as favas da natureza e não tinham um sistema de cultivo organizado", disse Rebecca Menchaca García, que administra o Orchid Garden and Lab no Centro de Pesquisa Tropical da Universidad Veracruzana, no México. "Era tão escasso e valorizado que os astecas exigiram-na como um imposto depois de conquistarem a civilização Totonac (no final de 1400)".Os astecas usaram baunilha para dar sabor ao xocoatl, a bebida que produziam a partir de cacau e outras especiarias, reservada à nobreza ou a ocasiões especiais. Foi essa bebida preciosa que o imperador Moctezuma Xocoyotzin ofereceu a Hernán Cortés e seu grupo de espanhóis quando eles chegaram à sua capital, Tenochtitlan, em 1519.Durante as primeiras décadas de conquista, os espanhóis levaram dezenas de frutas, vegetais e outras culturas - incluindo baunilha - para cultivá-las e se exibir do outro lado do Atlântico. Os historiadores chamam esse movimento de alimentos e bens de Intercâmbio Colombiano.Pule Matérias recomendadas e continue lendoMatérias recomendadasFim do Matérias recomendadas"A baunilha e o cacau sempre viajaram juntos", disse o especialista em orquídeas Adam Karrenmans, professor da Universidade da Costa Rica e diretor do Jardim Botânico de Lankester, um dos principais centros de pesquisa de orquídeas, com sede na Costa Rica. Os europeus gostaram da bebida cremosa, e ela se espalhou, chegando à França pela Espanha no início de 1600, após o casamento entre Luís 13 e Ana da Áustria, filha do rei espanhol.Uma vez do outro lado do Atlântico, a baunilha logo fez seu próprio caminho. Próximo ao final de seu reinado, em 1602, o médico da rainha Elizabeth começou a adicionar a especiaria aos pratos da monarca, pois acreditava ser um poderoso afrodisíaco, escreve Rosa Abreu-Junkel em Vanilla: A Global History. Do outro lado do Canal da Mancha, a poderosa Madame de Pompadour adicionou baunilha à dieta quando tentou atrair de volta seu amante, o rei Luís 15 da França, por volta de 1750.Pule Podcast e continue lendoPodcast traz áudios com reportagens selecionadas.EpisódiosFim do PodcastA baunilha tinha, assim, entrado no comércio global de especiarias que redesenhava fronteiras e mudava economias em todo o mundo, com as potências coloniais europeias lutando para garantir favas. Chefs testavam em sobremesas, fabricantes produziam novos perfumes e os aristocratas só queriam se exibir - mas a produção global de baunilha estava estrangulada na mesma faixa de terra costeira nas Américas, onde prosperou por séculos.Outras potências coloniais começaram a explorar a ideia de cultivar baunilha fora das colônias espanholas, escreveu Tim Ecott em Vanilla: Travels in Search of the Luscious Substance. Os britânicos na Índia, os franceses nas colônias do Oceano Índico, os holandeses em Java e até os espanhóis nas Filipinas tentaram plantá-la nos anos 1600 e 1700, mas ninguém obteve sucesso.Karremans parece se divertir com as tentativas. "Sempre que os europeus pegavam as plantas e as plantavam em outras de suas colônias, descobriam que elas podiam crescer e florescer lá, mas nunca produziam frutos", disse o especialista, que estuda as interações ecológicas entre orquídeas e seus polinizadores e dispersores de sementes.As orquídeas têm polinizadores especializados, explicou Karremans, e a baunilha requer um tipo específico de abelha que só é encontrada nas regiões tropicais das Américas. Até hoje, nenhum produtor no mundo conseguiu encontrar um polinizador natural para substituí-las.Entre aqueles que se propuseram a quebrar o monopólio espanhol da baunilha produzida no México estavam os plantadores brancos franceses na ilha de Bourbon, agora chamada Reunião, no Oceano Índico. Em 1822, a colônia recebeu um lote de plantas de baunilha, cortadas da primeira a sobreviver e florescer na Europa. Embora a expectativa fosse alta, nenhuma fruta nasceu e os plantado

Fevereiro 25, 2024 - 13:47
Como descoberta de garoto escravizado de 12 anos ajudou a popularizar a baunilha no mundo
Como descoberta de garoto escravizado de 12 anos ajudou a popularizar a baunilha no mundoCrédito, GETTY IMAGESLegenda da foto, Todas as plantas de baunilha cultivadas no mundo hoje são polinizadas manualmente, uma tarefa extremamente trabalhosaArticle inf >>>

Essa é mais uma manchete indexada e trazida até você pelo site Agromundo.NET