O apelo financeiro da soja sustentável

Boas práticas no campo elevam a renda, afirma Luiza Bruscato, primeira mulher a presidir a Associação Internacional de Soja Responsável As práticas sustentáveis estão no centro das discussões sobre a produção de alimentos no Brasil e no mundo. Na cadeia da soja, muitos desses debates terão agora a liderança de Luiza Bruscato, a nova presidente da Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS, na sigla em inglês). Aos 36 anos, ela é a primeira mulher a comandar a entidade fundada em Zurique, na Suíça, a primeira brasileira e também a pessoa mais jovem a ocupar o cargo. Saiba-mais taboola Em sua primeira entrevista desde que assumiu o comando da organização, em janeiro, Luiza conta à Globo Rural como as certificações de boas práticas no cultivo do grão têm crescido e como a preocupação com a sustentabilidade já é, de fato, um propulsor de receita para os produtores rurais. Globo Rural: Qual foi a evolução do mercado de soja responsável nos últimos anos? Luiza Bruscato: A produção de soja sustentável certificada pela RTRS tem tido um crescimento notável tanto no mundo quanto no Brasil. Em 2021, o volume certificado globalmente foi de 4,6 milhões de toneladas, do qual o Brasil respondeu por 3,6 milhões de toneladas. No ano seguinte, o volume subiu para 7 milhões de toneladas certificadas no mundo, sendo 5,9 milhões de toneladas produzidas no Brasil. A resposta positiva dos produtores de soja à certificação e às práticas sustentáveis se potencializa quando há um sinal claro de demanda do mercado. Isso indica um potencial muito otimista de crescimento, com a sensibilização e a procura por produtos sustentáveis continuando a aumentar. Tanto no caso da soja quanto no do milho, um dos principais consumidores é a indústria de nutrição animal. Initial plugin text GR: Como a nova lei da União Europeia, que impedirá a compra de produtos ligados ao desmatamento, pode influenciar o setor? Luiza: Essa legislação tem um impacto direto sobre o mercado de soja responsável e das outras seis commodities que estão na lista. No caso da soja, a certificação RTRS já exige desmatamento zero desde 2009, então nossa certificação já garante soja livre de desmatamento com uma data bastante anterior à prevista por essa lei (2020), o que significa que toda a nossa soja certificada poderá atender esses compradores. Só que a lei da UE acaba puxando para baixo a régua que a gente tem hoje. Com isso, nosso primeiro desafio é não perder mercado para produtores que pararam de desmatar entre 2009 e 2020 e que estarão em conformidade com a lei da UE, disputando espaço com a soja certificada pela RTRS. GR: O volume de soja certificada que existe hoje no Brasil é suficiente para atender à demanda europeia? Luiza: Se considerarmos os volumes certificados disponíveis anualmente e o ritmo da procura europeia por soja certificada RTRS, os volumes disponíveis são suficientes para atender à procura. Atualmente, o Brasil produz mais de 6 milhões de toneladas certificadas RTRS por ano, e a Europa compra 5 milhões de toneladas desse total. Essa realidade sugere que os volumes certificados disponíveis estão alinhados com a demanda europeia por soja certificada RTRS. Vale lembrar que a demanda europeia total por soja no ano é de 34 milhões de toneladas. O Brasil responde por 13 milhões de toneladas desse volume. A sustentabilidade passa por aspectos ambientais e sociais, além dos econômicos, mas a gente precisa lembrar que todo o trabalho é feito por pessoas e para pessoas GR: Para o produtor rural, qual a vantagem de se ter uma soja certificada como responsável? Luiza: A primeira grande vantagem é que ele consegue acessar mercados mais sofisticados, que pagam melhor. E a segunda grande vantagem é que ele consegue vender não somente a soja física, mas também os créditos dessa soja sustentável. Temos hoje um mercado bastante interessante, em que as empresas compensam sua pegada de carbono com a compra desse crédito. GR: O que o agricultor precisa fazer para conseguir a certificação? Luiza: Nossa certificação considera 108 indicadores de sustentabilidade ambiental, social e econômica, incluindo a rastreabilidade. A certificação ocorre em três etapas, e o produtor vai se adequando gradativamente às exigências. No Brasil, a RTRS tem uma parceria com a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) que ajuda no processo de adequação aos indicadores. A RTRS tem a função de certificar produtores, mas nós também certificamos toda a cadeia de custódia. Isso inclui plantas de processamento, os portos que recebem a soja e alguns espaços onde o grão fica armazenado. Brasil é um dos principais mercados de soja sustentável, explica Luiza Bruscato Anna Carolina Negri GR: O que impede o crescimento do número de fazendas certificadas no país? Existe alguma dificuldade? Luiza: Brasil é um dos principais mercados de soja sustentável. Temos 308 produtores certificados, em uma lista com agricultores individuais, produtores que têm várias fazendas e cer

Março 10, 2024 - 09:02
O apelo financeiro da soja sustentável
Boas práticas no campo elevam a renda, afirma Luiza Bruscato, primeira mulher a presidir a Associação Internacional de Soja Responsável As práticas sustentáveis estão no centro das discussões sobre a produção de alimentos no Brasil e no mundo. Na cad >>>

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