Queda no preço da soja travou comercialização da safra 2023/24

Avaliação é da Agroconsult. Problemas climáticos em diversas regiões produtoras levaram a um recorde de replantio nesta temporada A queda nos preços da soja, nos últimos meses, travou a comercialização do grão da safra 2023/24 no Brasil. De acordo com a Agroconsult, as vendas, em nível nacional, estão em torno de 40% da produção estimada, proporção que os analistas consideram baixa. + Quer saber os preços de produtos do agro? Acesse as cotações "Chegamos a janeiro com menos de um terço da safra comercializada, estava em 35% em fevereiro e agora está passando dos 40%. É muito pouco para quem não tem condição de armazenagem, não tem juros compatíveis para carregar estoque", diz André Pessoa, presidente da consultoria. A situação demanda antenção dos produtores, afirma Pessoa. Segundo ele, vender o equivalente a dois-terços da safra depois da colheita não é "sensato". Em suas contas, 35% de safra compromedida antecipadamente não cobre os custos variáveis da atividade, como sementes, defensivos e fertilizantes. O necessário seriam de 45% a 50%. "Algumas regiões estão com apenas 15%", aponta. Em março, as cotações da soja ensaiam uma recuperação. Na bolsa de Chicago, os contratos de mais curto prazo voltaram ao patamar de US$ 12 por bushel. Em Mato Grosso, maior produtor nacional do grão, o valor médio voltou a ficar acima dos R$ 100 a saca de 60 quilos, de acordo com o Instituto de Economia Agropecuária do Estado (Imea). O indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), com base no Paraná, acumula alta de 6,57% na parcial do mês. Na quarta-feira (13/3), ficou em R$ 117,97 a saca. Mas ainda está abaixo da média de março do ano passado, que foi de R$ 155,39 a saca. A referência baseada no Porto de paranaguá (PR) tem alta de 5,55% no período, até a quarta-feira, quando ficou em R$ 121,86. No mesmo mês em 2023, a média foi de R$ 162,12. Em Mato Grosso, os produtores venderam 46,32% da produção, conforme dados do Imea de 11 de março. Na mesma época, na safra 2022/23, a proporção comercializada antecipadamente era de 52,26% da colheita estimada. Cenário "ainda pior" Para André Pessoa, a falta de comercialização, em si, já seria um problema em um cenário mais confortável para o setor. Mas fica "ainda pior" em uma realidade de demanda frágil, devido aos movimentos da China, e de oferta abundante, apesar da redução de colheita no Brasil. "A redução de rentabilidade via diminuição de preços que não foram fixados lá atrás é muito significativa e deixa o comprador mundial em posição privilegiada. Ele sabe que temos muita soja para vender no Brasil nos próximos meses", completou. A baixa comercialização mostra que os produtores apostavam em altas após a quebra na safra brasileira de soja. André Pessoa, no entanto, ressalta que a América do Sul vai colher 26,9 milhões de toneladas a mais do que na temporada passada, com a recuperação da Argentina e do Rio Grande do Sul. Initial plugin text O comportamento dos preços da soja do mercado internacional, com queda acentuada desde dezembro do ano passado e reação limitada nos últimos dias, pode indicar a existência de um volume de estoque maior que o imaginado, diz Pessoa. "Talvez [isso ocorra] porque tem mais soja do que se imaginava no mercado internacional, até com ajuda do Brasil", afirma, ao reiterar que as projeções da sua consultoria têm viés de alta. A estimativa atual está em 152,2 milhões de toneladas, mas deve ser corrigida no fim de março. O número atual é quase 17 milhões inferior à estimativa inicial, de 169,1 milhões, antes de começar o plantio. Pessoa acrescenta que os produtores devem ficar em alerta, pois vai continuar "sobrando" soja no mundo no próximo ano. "A menos que tenha um problema significativo de clima nos Estados Unidos ou na próxima safra sul-americana, vai sobrar soja de novo, mesmo com a demanda subindo a níveis recordes", aponta. A previsão de demanda por soja no mundo subiu para 382,2 milhões de toneladas em 2024, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Um exercício feito pela Agroconsult mostra que, se os principais países produtores de soja retomarem os níveis históricos de produtividade, o mundo pode colher 411 milhões de toneladas na temporada 2024/25. Se a demanda não acompanhar a oferta, pode haver "sobra" de quase de 30 milhões, o dobro da atual. Replantio recorde Levantamento da Agroconsult aponta que as chuvas abaixo da média e o calor excessivo causados pelo El Niño nas principais regiões produtoras de soja do país forçaram o replantio de 2,9 milhões de hectares na safra 2023/24. A área corresponde a 6,4% do total das lavouras, um recorde em termos de replantio. O comum é algo entre 1% e 2%. O índice foi maior no Cerrado, em Estados do Centro-Oeste e do Matopiba (confluência entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Os produtores baianos, por exemplo, replantaram 15% da área - cerca de 286 mil hectares. A maior área, no entanto, está em Mato Grosso, com mais de um milhão de hec

Março 14, 2024 - 15:15
Queda no preço da soja travou comercialização da safra 2023/24
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