Produção de sementes de trigo no RS cai pela metade

Excesso de chuvas do El Niño levou produtor de Vacaria a colher 3,2 mil toneladas em vez da média de 6 mil toneladas O excesso de chuvas causado pelo El Niño na última safra levou a uma quebra na produção de sementes de trigo de 50% no Rio Grande do Sul e de 20% no Paraná, Estados que concentram a maior produção de trigo do país. A estimativa é das associações de produtores de sementes. Saiba-mais taboola Segundo a Embrapa Trigo, o ambiente quente e úmido do inverno e da primavera de 2023 afetou tanto a qualidade fisiológica das sementes, como a qualidade sanitária. "As condições ambientais favoreceram as doenças na espiga e, ao mesmo tempo, dificultaram o seu controle, já que em muitos casos o excesso de chuvas impediu a entrada de máquinas nas lavouras para aplicação de fungicidas. Além disso, o excesso de chuvas na época de colheita acelerou a deterioração das sementes”, disse, em nota, Vladirene Vieira, analista do setor de produção de sementes da Embrapa Trigo. Pedro Basso, sementeiro de trigo em Vacaria que tem uma das melhores produtividades do Estado, de 75 sacas por hectare, disse à Globo Rural que a produtividade caiu para 52 sacas, as sementes saíram com qualidade baixa e o descarte, que entrava na composição de preço do trigo, nem serve para os moinhos. Vai virar ração, e com ressalvas. Lavoura de trigo na fazenda da família Basso, em Vacaria (RS) Arquivo pessoal "Usualmente, quando a gente colhia o trigo, tinha uma quebra de 25% para deixar a semente com padrão de qualidade mais alta. Desta vez, já tivemos quebra de 40% na produtividade das lavouras de trigo e a queda no beneficiamento das sementes passou de 40%", afirma Basso. "Ou seja, das 100 toneladas de trigo que você levava para a UBS (Unidade de Beneficiamento de Sementes), você tirava 80 toneladas de sementes. Agora, foram apenas 50 toneladas. E não têm a qualidade de uma Ferrari. É um Celtinha para a briga", complementa o produtor. Com produção anual média de 6.000 toneladas de sementes em 1.300 hectares de área plantada, Basso fez agora apenas 3.200 toneladas, a pior produção dos últimos anos. “Meu pai que está há 42 anos no negócio de sementes iniciado pelo meu avô disse que nunca viu uma primavera tão chuvosa quanto a do ano passado e a chuva na primavera é péssima para o trigo.” Initial plugin text No final do ano passado, Márcio Só e Silva, sócio-diretor e melhorista da Semevinea, empresa focada no desenvolvimento genético de sementes de trigo com sede em Ernestina (RS), disse à Globo Rural que em sua experiência de 40 anos como pesquisador da Embrapa e melhorista nunca tinha vivenciado um El Niño tão forte em volume de chuvas e em falta de luminosidade. Na época, ele já estimou que as perdas médias do Estado poderiam chegar a 50%. Para a próxima safra de trigo, Basso vai manter os 1.300 hectares e espera uma boa produção porque há possibilidade de El Nina, o que significa na sua região mais frio e menos chuva, “tudo que o trigo gosta”. Na questão dos preços, o sementeiro diz que a expectativa não é tão boa porque deve haver muita oferta de trigo no mundo e o preço da semente está atrelado ao valor da saca do grão, mas, como o custo de produção com adubo e herbicidas caiu, vai ganhar dinheiro quem produzir bastante por hectare. Cerca de 30 mil toneladas de sementes de trigo vão deixar de entrar no mercado por falta de qualidade Arquivo pessoal Sementes certificadas Segundo a Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (Apassul), para a safra 2024 estarão disponíveis 138 mil toneladas de sementes certificadas de trigo, volume suficiente para abastecer uma área de cultivo próxima a 1 milhão de hectares. Na estimativa da Associação Paranaense dos Produtores de Sementes e Mudas (Apasem), vão deixar de entrar no mercado cerca de 30 mil toneladas de sementes de trigo por falta de qualidade e o volume será suficiente para o plantio de 1,1 milhão de hectares no Paraná. A Apassul estima que a taxa de uso de semente certificada nesta safra será de 78%, a maior da sua história, indicando que o uso de semente “salva” (aquela guardada pelo produtor de trigo para uso exclusivo em sua lavoura) não será significativo pelo risco de investir em semente de baixa qualidade. O diretor-executivo da associação, Jean Cirino, diz que, no ano passado, a taxa de uso de sementes certificadas foi de 58% no Rio Grande do Sul. “A supersafra de 2022, tanto em produtividade quanto em qualidade, foi um estímulo ao agricultor para guardar semente para 2023. Na contramão, no ano de 2023 tivemos uma das piores safras de trigo. Considerando que o agricultor não possui equipamentos específicos para a produção de sementes, teremos redução significativa de grãos salvos”, diz Cirino. Para o diretor executivo da Apasem, Jhony Moller, a redução na oferta de sementes vai acompanhar a menor intenção de cultivo do trigo por parte do produtor paranaense. “A redução na cotação do trigo e as incertezas com o clima para o próximo inverno

Abril 9, 2024 - 06:30
Produção de sementes de trigo no RS cai pela metade
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