Bunge investe US$ 20 milhões para ampliar cultivos regenerativos

Trading quer aumentar área apoiada no Brasil de 250 mil hectares para 600 mil hectares e envolver clientes na ação A Bunge decidiu ampliar seu programa de estímulo à agricultura regenerativa no Brasil, criado há um ano. Com um investimento de US$ 20 milhões, a múlti americana quer mais do que dobrar a área apoiada pelo programa, passando dos atuais 250 mil hectares para 600 mil hectares até 2026. Saiba-mais taboola Apesar do salto rápido de um ano para outro, é uma fatia ainda pequena de toda a área agrícola que fornece para a Bunge no Brasil — apenas a área de soja mapeada pela trading no país em 2022 superou 19 milhões de hectares. O investimento será destinado para pagar prêmios aos agricultores que participam do programa e fornecem produtos à Bunge. Além disso, vai financiar o fornecimento gratuito de assistência técnica, de ferramentas de agricultura de precisão e tecnologias de mensuração que auxiliem os produtores na adoção de técnicas que ajudem a reduzir emissões no campo. A assistência será prestada pela Orígeo, joint venture da Bunge com a UPL. Nesta etapa, a Bunge também quer envolver seus clientes, como indústrias de alimentos e de biocombustíveis. O plano é que essas indústrias também paguem prêmios aos produtores. Segundo Rossano de Angelis Junior, vice-presidente de agronegócios da Bunge para a América do Sul, a própria agroindústria demonstrou interesse em se conectar diretamente com os agricultores. Alguns contratos com clientes já foram fechados. O programa não obriga o produtor a vender toda sua colheita à trading — a não ser que seja uma indústria cliente da Bunge que esteja aportando os recursos na fazenda. Caso o produtor decida vender parte de sua colheita à Bunge, a trading pagará a ele o prêmio referente à parcela da produção vendida. O prêmio é pago em um montante fixo por hectare — a companhia não detalha o valor. A Bunge também quer ampliar a cobertura geográfica do programa. Hoje, as fazendas estão concentradas no Matopiba (confluência entre os Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) e em Mato Grosso, e agora quer oferecer o benefício para produtores do Pará, Goiás, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Em um ano, o programa atraiu 34 fazendas de 26 produtores. A prática regenerativa mais popular é a do plantio direto, adotada por todos. Em segundo lugar está a cultura de cobertura — aquela que é plantada na entressafra para proteger o solo —, adotada por 46%. Outras práticas regenerativas ainda são adotadas por uma minoria, como o uso de bioinsumos, rotação de culturas e fertilização natural. A Bunge quer fortalecer essas cinco técnicas nesta etapa. “São práticas em que vemos ganho de escala para o produtor e ganho de conexão com o cliente”, afirma. Outras técnicas podem ser apoiadas, como integração entre lavoura, pasto e floresta, rotação de pastagem, e redução de uso de água e de energia nas fazendas. Uma prática em particular que a Bunge aposta é no uso de oleaginosas como cultivo de cobertura, o que pode oferecer uma nova renda para o produtor, além de atender à nova demanda das indústrias de biocombustíveis avançados, como o bioquerosene de aviação (SAF) e o diesel verde (HVO). A múlti já estuda em parceria com a Embrapa, a Orígeo e a Advanta, da UPL, o uso da canola como cultivo de cobertura no Cerrado para essa indústria. “Com as soluções certas e assistência correta, entendemos que tem potencial para desenvolver canola no Cerrado”, diz de Angelis . Os primeiros volumes de canola no programa devem ser colhidos neste ano. A seleção de qual semente usar, porém, vai depender do diagnóstico de cada fazenda, observa.

Bunge investe US$ 20 milhões para ampliar cultivos regenerativos
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