Argentina fecha 2023 com inflação de 211,4% e supera a Venezuela

Em termos mensais, a inflação em dezembro foi de 25,5%, abaixo das expectativas do mercado A Argentina fechou preço2023 com uma inflação anual de 211,4%, o pior resultado em 30 anos, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (11) pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec). Em termos mensais, a inflação em dezembro foi de 25,5%, impulsionada pela liberação dos preços e forte desvalorização do peso. Segundo analistas ouvidos pelo Valor, esses fatores deverão manter a pressão de preços acima de 20% este mês. Saiba-mais taboola “Em linhas gerais, penso que este é possivelmente o ‘pico’ da inflação. A dinâmica da última quinzena de dezembro e da primeira quinzena de janeiro nos faz pensar em uma desaceleração, embora, seguramente, estaremos acima dos 20% em janeiro”, disse o economista Nicolás Alonzo, da Ferrerés & Associados. A última vez que a Argentina viu um patamar similar de inflação foi em 1990, quando enfrentou um período de hiperinflação. A aceleração dos preços no fim de 2023 fez o país superar a Venezuela como o país com a maior inflação na região. Segundo o Observatório Venezuelano de Finanças, que acompanha a economia local, a Venezuela registrou uma inflação de 193% no ano passado. A alta dos preços em dezembro na Argentina foi a maior do ano, o dobro da taxa de 12,8% registrada em novembro, mas ficou abaixo da expectativa dos analistas de um aumento de 30% ou mais. O presidente Javier Milei, um economista de direita, já havia alertado os argentinos para uma piora na economia, com mais inflação e contração na atividade em virtude da retirada dos controles de preços de tudo, de alimentos a combustíveis a bens de consumo — revertendo políticas do governo peronista comandado pelo ministro da Economia Sergio Massa. Além disso, logo após sua posse, Milei desvalorizou a cotação oficial do peso de 54%, provocando um efeito em cascata de recomposição de preços na economia. Essa consequente aceleração da inflação para acima de 20%, por sua vez, aumenta a pressão por uma nova desvalorização cambial, uma vez que o governo Milei adota um regime de “crawling peg”, de ajuste da cotação oficial do dólar de apenas 2% ao mês. Leia mais: “A diferença [entre o dólar oficial e o paralelo, chamado de blue] deve aumentar porque a Argentina tem uma restrição de dólares. Com um aumento da inflação incompatível com o aumento do dólar oficial, as exportações do setor agrícola devem ser retidas ou reduzidas para pressionar o governo a aumentar o dólar oficial para que obtenham maior rentabilidade. Diante desse cenário, o mercado e os operadores vão pressionar por uma alta do dólar MEP ou CCL [os chamados dólares financeiros], e se isso acontecer, o blue sobe”, disse o economista Dante Moreno, da EPyCA Consultores. O setor que registrou maior alta de preços em dezembro foi o de bens e serviços diversos, com alta de 32,7% provocada pelo aumento nos custos de cuidados pessoais. Em seguida vem o setor de saúde, com alta de 32,6%, e transportes, com alta de 31,7%, puxada principalmente pelos preços de combustíveis. Os preços do item alimentos subiram 29,7% no último mês de 2023. O dado de inflação veio um dia após o Fundo Monetário Internacional (FMI) endossar o plano econômico do governo Javier Milei, abrindo caminho para o desembolso de US$ 4,7 bilhões para a Argentina, que faz parte do programa de crédito contraído em 2018. Segundo o Fundo, o plano de Milei “busca o estabelecimento de uma forte e crível âncora fiscal, junto com ações para reconstruir as reservas, corrigir os preços desalinhados, fortalecer o balanço do banco central e criar uma economia orientada pelo mercado”.

Janeiro 12, 2024 - 08:45
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