Parceria com produtores rurais devolve lobo-guará à vida selvagem na Bahia
Projeto do Parque Vida Cerrado já soltou três lobos-guará em corredor ecológico No início de abril, sob os olhares atentos e carinhosos de pesquisadores e produtores rurais, Jurema voltou à vida selvagem no corredor ecológico de fazendas de grãos em Barreiras, na divisa dos Estados da Bahia e Tocantins, sob monitoramento 24 horas dos profissionais do Parque Vida Cerrado. Jurema fazia parte de uma ninhada de três lobinhos-guará sem a mãe que foi resgatada e entregue aos cuidados do parque, único centro de conservação da biodiversidade, pesquisa e educação socioambiental do oeste baiano. Leia também Chega de briga! Conflito entre antas e produtores de uva é freado com barreiras físicas Projeto no Pará promove a conservação de onças-pintadas Criação de capivaras ganha mercado Após duas semanas da soltura, os pesquisadores identificaram um padrão diferente na movimentação da loba e a trouxeram de volta ao parque, onde identificaram que ela foi mordida por algum animal e precisava de cuidados médicos para voltar à vida selvagem. Ela está recebendo tratamento com antibióticos e deve ser solta novamente na segunda quinzena de maio. A lobinha é o terceiro animal a ser solto pelo parque em dois anos dentro do projeto de reabilitação de lobos-guará do parque, em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e as empresas rurais da família Gatto. “Todos os anos muitos filhotes de lobo-guará, espécie sob risco de extinção, são encontrados no meio de lavouras ou às margens de rodovias e entregues aos cuidados de entidades. A hipótese é que foram abandonados ou a mãe foi atropelada. A partir de 2020, começamos a receber do ICMBio esses filhotes para tentar sua reinserção na natureza”, diz a bióloga Gabrielle Bes da Rosa, coordenadora do Vida Cerrado, que trabalha com lobos no parque desde 2008. Antes da soltura, Jurema vivia em um recinto telado de 3.000 m², construído na área de reserva legal da fazenda dos Irmãos Gatto, produtores de grãos, onde recebeu tratamento e treinamento para conseguir viver na vida selvagem. Gabrielle conta que, durante cerca de um ano, a lobinha teve três fases de alimentação: primeiro, recebeu só ração, depois frutas e, por fim, presas vivas, para aprender a caçar. O recinto de reabilitação recebe a visita de um tratador todos os dias e é monitorado por câmeras. Uma equipe de técnicos do parque recolhe os cartões das câmeras todos os meses para avaliação do comportamento do animal, inclusive pelos técnicos do ICMBio. O processo de soltura, quando os pesquisadores concluem que o animal está apto a tentar a vida selvagem, é chamado de soltura branda, ou seja, os portões do recinto permanecem abertos com comida e água no local como ponto de fuga. “Estamos construindo um projeto de conservação junto com a cadeia do agro. É um caminho para enfrentar a perda da biodiversidade e as crises climáticas”, diz Gabrielle. Saiba-mais taboola Reprodução Na vida selvagem, o animal continua a ser monitorado por cerca de dois anos. Por meio de um colar, os pesquisadores acompanham seu deslocamento. Nesse monitoramento, eles identificaram o problema com Jurema e também que a fêmea Caliandra, libertada em 2021 junto com o irmão Baru, se tornou a primeira loba do projeto a se reproduzir na vida selvagem. Caliandra acasalou com o lobo José Bonifácio e teve dois filhotes. Bonifácio, descrito pela bióloga como um “bicho bem bravo”, já era monitorado por colar pela equipe do parque, tendo sido capturado algumas vezes para o download das informações. Já Baru morreu seis meses depois, picado por uma cobra jararaca. Os técnicos chegaram a levá-lo para o parque, mas não conseguiram salvar sua vida. No parque criado pela Galvani Fertilizantes com 11 hectares entre os municípios de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, já vivem três casais de lobos, que se reproduziram, além de outras sete espécies de animais do cerrado como cervo do pantanal, veado catingueiro, gavião do rabo branco, tamanduá-bandeira e bugio. Segundo a coordenadora, o custo anual de manutenção do parque passa de R$ 300 mil e, além da parceria com os fazendeiros no projeto de soltura dos lobos-guará, o local tem o patrocínio de outras empresas do agro. Os irmãos de Jurema foram integrados no parque porque, pela avaliação dos pesquisadores, são muito mansos para serem soltos. Desde a chegada, os dois filhotes tiveram um “imprint” com o ser humano e não se sentiram ameaçados. “Diante disso, a chance de não dar certo a soltura é bem maior. O macho, por exemplo, é como se fosse um cachorrinho”, disse Gabrielle. Funcionários do parque fazem reunião com funcionários das fazendas para alinhar medidas antes da soltura de Jurema Divulgação Produtores Celito Missio, diretor-presidente da empresa de sementes Oilema, diz que a família Gatto sempre reconheceu a importância de preservar a biodiversidade e decidiu patrocinar o projeto de soltura para mostrar que é possível produzir bem e preservar a natureza. “Todo o aporte financei
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