Busca por avanços científicos exigirá investimentos de ‘trilhões de dólares’

Para participantes do painel sobre agronegócios, avanços do setor exigem atração de investimentos privados, abertura de mercados e combate às mudanças climáticas Combater os efeitos nocivos das mudanças climáticas e promover a segurança alimentar global exigem cooperação e “trilhões de dólares” em investimentos, segundo a avaliação dos participantes do painel de debates sobre agronegócios no Summit Valor Econômico Brazil-EUA, ontem, em Nova York. Para eles, o Brasil tem condições de atuar de maneira relevante para atender as demandas nessas duas frentes. Ex-diretor da Organização Mundial do Comércio (OMC) e sócio da YvY Capital, o embaixador Roberto Azevêdo destacou que o setor público não tem capacidade de investir sozinho. Ele pontuou, no entanto, que o engajamento do setor privado nesses esforços depende da construção de regras que facilitem e deem segurança aos investimentos. Saiba-mais taboola “Se não houver um marco regulatório favorável, a equação, economicamente, não fecha para as empresas, para o investidor, para ninguém”, disse ele. Azevêdo destacou ainda que o crescimento do unilateralismo - quando os Estados tomam decisões em questões de política externa sem a consulta ou cooperação com os governos de outros países -, em detrimento das relações multilaterais, é um desafio global para a construção desses marcos. Segundo ele, o protecionismo está crescendo no mundo, um fenômeno que pode afetar o Brasil em virtude da elevada competitividade do país. “Sobretudo no agronegócio”, acrescentou o embaixador. “O que o Brasil pode fazer? Ele não pode estar sozinho, precisa de alianças internacionais. O segundo ponto é ter fundamentação científica. Estamos importando métricas de clima temperado que não se aplicam ao clima tropical”, argumentou. Aliança Durante o debate, o CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, defendeu a aliança entre Brasil e Estados Unidos. Para o executivo, os dois países precisam aproveitar sua condição de potências agrícolas e se unir, especialmente em áreas como pesquisa e negociações de novos mercados para produtos agropecuários. “Há muita coisa em comum que [os dois países] podem fazer e desenvolver juntos. Uma delas é fazer frente à questão das mudanças climáticas e da segurança alimentar”, afirmou. “Poderíamos compartilhar com os países em desenvolvimento as práticas que são benchmark e promover o comércio justo.” O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Roberto Serroni Perosa, defendeu a atuação da diplomacia brasileira no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele disse que o Brasil retomou contatos com países parceiros no agronegócio, o que resultou na abertura de 120 novos mercados para o setor desde o início de 2023. Relações diplomáticas Perosa lembrou que os grandes mercados para o agro do Brasil estão na Ásia, mas salientou a importância da parceria estratégica com os Estados Unidos. Segundo ele, o governo fez uma série de reuniões bilaterais com as autoridades americanas para que os dois países pudessem “retomar boas relações”. Em 2024, a relação diplomática do Brasil com os EUA completa 200 anos. No comércio de itens agropecuários, os americanos são o segundo maior parceiro dos brasileiros, mas com uma fatia bastante inferior à dos chineses. De acordo com estatísticas do Ministério da Agricultura, a China foi o destino de 36,2% das exportações do agro brasileiro no ano passado, e os Estados Unidos, de 5,9%. A tragédia climática no Rio Grande do Sul foi outro tema em debate em Nova York. Entre todos os setores da economia, a agropecuária foi um que mais tiveram perdas com as inundações - os prejuízos do agro já somam R$ 1,4 bilhão, de acordo com a Confederação Nacional dos Municípios (CNM). O Estado é o terceiro maior produtor de grãos do Brasil e segundo mais importante nos segmentos de suínos e aves. Apesar disso, a tragédia não deverá comprometer o desempenho geral do agronegócio brasileiro, disse Paulo Sousa, presidente da Cargill Brasil. “Temos que nos sensibilizar com os funcionários e produtores gaúchos, claro, e regionalmente essas perdas serão um baque. Será um desafio reconstruir tudo, mas não afetará o país como um todo”, afirmou. A multinacional é a maior exportadora de soja e milho do Rio Grande do Sul. O executivo ressaltou que os produtores rurais precisarão de “crédito, renegociação de dívidas e aberturas e facilidades na obtenção de seguro rural”. “O setor privado pode e deve apoiá-los, mas a ação do governo será fundamental”, avaliou. Para Sousa, buscar soluções para a infraestrutura de transporte é, hoje, uma questão mais urgente para o agro nacional do que o déficit de armazenagem no país. “É claro que uma produção crescente como a nossa exigirá cada vez mais locais para se guardar o produto, mas escoar é que nos torna grandes”, analisou.

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