Produtores e indústria pedem suspensão de leilão para compra de arroz importado

Há um receio com um possível insucesso da operação, por conta do prazo curto para entrega do produto, e também com provável aumento nos preços Produtores de arroz do Rio Grande do Sul e representantes de cooperativas e indústrias gaúchas pediram ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, para que o governo federal suspenda a realização do leilão para compra pública de 104 mil toneladas do cereal importado, marcado para a próxima semana. Leia também: Chuvas no RS: MST estima perda de 10 mil toneladas de arroz Compra de arroz importado pode demandar R$ 4 bilhões Há um receio com um possível insucesso da operação, por conta do prazo curto para entrega do produto nos portos brasileiros, e com os consequentes efeitos negativos que isso poderia gerar, como uma nova alta nos preços do arroz no mercado interno. Apenas no Rio Grande do Sul, a Emater local apontou elevação de 2,4% na saca de 50 kg do cereal na última semana, que passou de R$ 105,32 para R$ 107,90. O aviso de compra de arroz importado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê que um prazo de 30 dias após a realização do leilão para a entrega do cereal nos portos de Santos (SP), Salvador (BA), Recife (PE) e Itaqui (MA). O leilão está marcado para a próxima terça-feira, dia 21 de maio. "Pedimos a suspensão do leilão da semana que vem. Na nossa opinião, ele pode não dar certo porque não dá tempo de viabilizar a operação no prazo que tem que ser feita, de apenas 30 dias depois do leilão. Pedimos a suspensão porque corremos o risco de, se o leilão der errado, ter um aquecimento ainda maior nos preços do mercado interno", afirmou Alexandre Velho, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz). O pedido foi feito em reunião virtual com Fávaro nesta quinta-feira (16/5). Segundo Velho, a demanda será analisada pela equipe do ministro, mas não houve uma resposta definitiva no encontro. A Federarroz também solicitou ao ministro maior agilidade na liberação de cargas de arroz importado de países do Mercosul. A operação padrão dos auditores fiscais federais agropecuários, que cobram melhorias salariais e na carreira, tem retardado a liberação de carretas em postos de fronteira, disse Velho. "Está levando uma semana para entrar na fronteira e demora ainda mais para chegar nos grandes centros consumidores", explicou. Durante a reunião, o dirigente reforçou que há disponibilidade de arroz no país e que o movimento feito pelo governo, de estimular a importação para compra pública pela Conab, foi equivocado. Segundo Velho, os próprios números do levantamento de safra da estatal apontam que a safra de arroz será maior em 2024. "Não tem motivo algum para tomar essa atitude de importar. A nossa exportação vai ser bem menor, pelo menos 500 mil toneladas de arroz deixarão de ser exportadas e ficarão no mercado interno. Esse volume é o dobro do que a Conab estima de perdas na safra gaúcha por conta das enchentes até agora, de 230 mil toneladas", argumentou. "E o aumento da área plantada fora do Rio Grande do Sul mostra que teremos uma produção brasileira muito parecida com o consumo", completou. A projeção oficial é de colheita de 10,5 milhões de toneladas do cereal na safra 2023/24. O presidente da Federarroz também criticou o anúncio de que o arroz importado será vendido a R$ 4 por quilo. "Isso vai trazer novamente uma tendência de diminuição de área no Rio Grande do Sul. Temos produtores que perderam tudo, em geral, são pequenos agricultores da região central do Estado", afirmou. Segundo Velho, a tendência para os próximos dias é de melhora da questão logística para o escoamento da produção que já havia sido colhida, com a adoção de rotas alternativas para viabilizar a distribuição aos centros consumidores e o retorno das emissões de notas fiscais, serviço que também havia sido prejudicado pelas chuvas e inundações no Estado. Com isso, o setor também prevê normalidade maior no abastecimento de arroz no país. "Colocamos ao governo que essa corrida aos supermercados foi gerada exatamente por esse anúncio de possibilidade de importação. Isso acabou precipitando no consumidor a atitude de comprar volume maior que necessário (...) Mas essa compra maior por parte do consumidor vai ter um rebote. Quem comprou e estocou, no mês que vem não comprará arroz", disse à reportagem.

Produtores e indústria pedem suspensão de leilão para compra de arroz importado
Há um receio com um possível insucesso da operação, por conta do prazo curto para entrega do produto, e também com provável aumento nos preços Produtores de arroz do Rio Grande do Sul e representantes de cooperativas e indústrias gaúchas pediram ao m >>>

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