Fórum Futuro do Agro: Classe média ascendente na China aumenta pressão por sustentabilidade no Brasil
Classe média chinesa é muito mais antenada com questões de sustentabilidade, disse especialista durante o Fórum Futuro do Agro O crescimento da classe média chinesa, hoje da ordem de 300 milhões de pessoas, tem aumentado a pressão do país por maior sustentabilidade as cadeias produtivas de seus principais fornecedores, com destaque para o Brasil – maior exportador de soja e carne bovina para o país asiático. Saiba-mais taboola “Temos uma classe média ascendente na China que se compara à população americana e que é muito mais antenada com essas questões de sustentabilidade”, destacou o Diretor de Conteúdo e Pesquisa do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), Tulio Cariello, durante participação no painel sobre as perspectivas de cooperação entre as duas economias realizado no Fórum Futuro do Agro, em São Paulo. Principal parceiro comercial do agro brasileiro, a China tem hoje a meta de se tornar neutra em emissão de carbono até 2060 – o que, segundo especialistas, colocará ainda mais pressão sobre as condições produtivas do setor. “Por ser um tema que ultrapassa fronteiras, é fundamental que os parceiros da China estejam por dentro dessa situação”, ressaltou Cariello. Nesse sentido, ele pontuou que a principal preocupação da China tem sido com o sequestro de carbono e não necessariamente o desmatamento – como ocorre com a Europa. “E acho que o Brasil está muito bem posicionado nessa questão porque algumas empresas brasileiras estão investindo muito nessa área”, observou o representante da CEBC citando, dentre outras iniciativas, o Plano ABC+. De acordo com o secretário de comércio e relações internacionais do Ministério da Agricultura, Roberto Perosa, os protocolos de exportação de carne bovina para a China já contribuíram para uma maior sustentabilidade do setor, uma vez que exigem que os animais sejam abatidos com até 30 meses. “Isso tem feito com que nosso rebanho seja renovado com mais frequência, o que traz uma qualidade enorme para a produção brasileira”, destacou o secretário. Tanbém presente no evento, o diretor de agricultura regenerativa da JBS, Fabio Dias, revelou que o protocolo permitiu ao frigorífico reduzir em 15% suas emissões de gases do efeito estufa. “Três a cada quatro animais que abatemos tem menos de 30 meses. Isso é muita coisa e é muito importante para a questão das emissões entéricas”, disse o executivo. O painel contou também com a participação do conselheiro de assuntos agrícolas da embaixada da China no Brasil, Wu Changxue. Ele lembrou que a preocupação do país com questões de sustentabilidade data desde a década de 90, quando foram criados os primeiros protocolos de proteção da biodiversidade local. Com isso, os participantes destacaram que é uma questão de tempo até o principal cliente internacional do agro brasileiro passar a adotar exigências ambientais mais rígidas. “Hoje essas exigências vêm da União Europeia, mas daqui dez anos podem ser demandas sobre biodiversidade do nosso parceiro chinês. Por isso, acho que já temos uma série de instrumentos e precisamos nos preparar para essa demanda independentemente de onde ela vier, seja da Europa, seja da China”, concluiu a pesquisadora da Esalq/USP, Silvia Helena Galvão de Miranda.
Essa é mais uma manchete indexada e trazida até você pelo site Agromundo.NET