Pesquisador da Embrapa afirma que falta ação para mitigar perdas com clima

Eduardo Assad, que também é professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), criticou a ausência de planos de contingência e de políticas públicas em outras partes do Brasil A destruição causada pelas enchentes no Rio Grande do Sul foi provocada por um volume recorde de chuvas no Estado em um mês, mas seus efeitos poderiam ter sido menores se o governo gaúcho tivesse um plano de contingência. A avaliação é do pesquisador da Embrapa e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Eduardo Assad. Ele também criticou, nesta quarta-feira (5/6), a falta de políticas públicas para mitigar os impactos dos fenômenos climáticos extremos no Brasil como um todo. Leia também Falta de clareza na lei antidesmatamento europeia preocupa exportadores brasileiros Classe média ascendente na China aumenta pressão por sustentabilidade no Brasil RS terá migração de setores produtivos após destruição causada por enchentes “Em 2014, um grupo de cientistas brasileiros soltou um relatório mostrando que a chuva no Rio Grande do Sul iria aumentar de 10% a 15% a cada ano e nada foi feito para montar um plano de contingência. Como uma cidade como Porto Alegre não faz manutenção de comportas? Isso não é possível. E não é problema da gestão atual, vem acontecendo há 30 anos. Passa por todos os matizes partidárias”, afirmou. O pesquisador criticou a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul). Disse nunca ter visto a entidade demonstrar preocupação com mudanças climáticas até hoje. E afirmou que, nos últimos dez anos, o único ministro da Agricultura que teria falado em prejuízos na agricultura por causa das mudanças climáticas teria sido a ex-ministra e atual senadora Tereza Cristina. A fala do pesquisador foi logo após o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, ter dito o Rio Grande do Sul esteja “pagando uma conta que talvez apenas uma parte da fatura seja nossa”, em relação às perdas com as enchentes no Estado. Eles participaram do 3º Fórum Futuro do Agro, realizado pela Globo Rural em São Paulo em parceria com o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora). Luz defendeu, em sua fala inicial, que o Brasil adote uma postura mais rígida com seus parceiros comerciais, cobrando também deles o cumprimento de medidas de conservação ambiental. Assad criticou a decisão do Congresso de manter no Código Florestal regra que permite a prática de atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e turismo rural em áreas consolidadas. Ele também criticou a extinção da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), pelo governo gaúcho, em 2017. “A Fepagro tinha um núcleo de cientistas que estudavam clima e fizeram zoneamento agrícola de risco climático”, disse Assad. Ele também defendeu a adoção de desmatamento zero e redução do uso de fertilizantes nitrogenados no solo para reduzir as emissões de carbono. Márcio Madalena, secretário-adjunto de Agricultura do Rio Grande do Sul, disse que, com a extinção da Fepagro, cerca de 50 servidores da fundação foram transferidos para o Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria e continuam exercendo as mesmas atividades. “Quando assumimos essa gestão podemos observar que pesquisadores da extinta Fepagro passam a ter um protagonismo na discussão das políticas internas da Secretaria. O Rio Grande do Sul tem tido uma atenção às questões de sustentabilidade”, disse. Saiba-mais taboola “Reconhecemos que deve ter faltado muita coisa ao longo dos anos, mas acredito que houve muito acerto na agropecuária gaúcha”, acrescentou o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz. Ele citou como exemplos de cuidados ambientais a adoção do plantio direto pelos produtores do Estado há décadas e a integração lavoura pecuária floresta (ILPF). Em relação às perdas dos produtores por causa das enchentes, Márcio Madalena disse que o governo gaúcho tem atuado em diferentes frentes para estimular a reorganização das propriedades agrícolas. “Está muito claro que a capacidade produtiva está muito ligada à capacidade de tomada de crédito e endividamento desses produtores. Por isso uma insistência muito grande na relação com o governo federal para obter a prorrogação de prazos e linhas específicas de financiamento para o produtor do Rio Grande do Sul.” Ana Doralina, presidente da Mesa Brasileira Pecuária Sustentável, considera que o Estado vive um momento de reconstrução e o apoio do governo federal é fundamental para que os produtores possam permanecer no campo e reconstruir suas vidas.

Pesquisador da Embrapa afirma que  falta ação para mitigar perdas com clima
Eduardo Assad, que também é professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), criticou a ausência de planos de contingência e de políticas públicas em outras partes do Brasil A destruição causada pelas enchentes no Rio Grande do Sul foi provocada por um vo >>>

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