Vencedores de leilão de arroz geram dúvidas no mercado sobre perfil e operação
Entre os nomes, há uma companhia de locação de veículos e máquinas pesadas, uma loja de queijos e uma processadora de polpas de frutas Causou estranhamento no mercado agrícola brasileiro o perfil das empresas participantes do leilão público para aquisição de arroz importado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A operação terá custo total de R$ 1,3 bilhão para a estatal. Saiba-mais taboola Entre os nomes, há uma companhia de locação de veículos e máquinas pesadas, a ASR, de Brasília, uma de loja de queijos com registro em Macapá, a Queijos Minas, e uma processadora de polpas de frutas, a Icefruit. A Zafira Trading, com sede em Florianópolis, foi a única arrematante com tradição em comércio exterior. Nesta sexta-feira (7/6), o presidente da Conab, Edegar Pretto, afirmou em entrevista a uma rádio do Rio Grande do Sul que a empresa não tem “nenhuma informação de quem são cada um dos importadores”. A ata do leilão, publicada no site da estatal, mostra a relação dos quatro vendedores arrematantes. Ao veículo gaúcho, o dirigente disse que a relação da Conab é com as bolsas de mercadorias que são cadastradas e habilitadas para representar seus clientes. “Nós ainda nem homologamos os vencedores, por isso não tem ainda quem são os importadores vencedores”, afirmou. Wisley Alves de Souza, dono de uma modesta loja de queijos e laticínios em Macapá, sagrou-se o maior vendedor do certame. Ele arrematou seis lotes e receberá R$ 736 milhões da Conab para entregar 147 mil toneladas do cereal até 8 de setembro. Antes, terá que depositar uma garantia de 5% do valor, cerca de R$ 36,8 milhões, em até cinco dias úteis. Existe um processo de diligência, de depósito de garantias e de apuração das informações das empresas até que o negócio seja concretizado. A Conab só pagará os valores acertados assim que receber o produto, empacotado em embalagens de 5 quilos com a logomarca do governo, em seus armazéns. Mas já é pública a lista dos importadores. Regras As regras da Conab para o leilão dizem que se as empresas vencedoras não depositarem o valor de garantia da operação no prazo estipulado, será aplicada multa de 10% sobre o valor da operação, cuja negociação ficará cancelada. Se a arrematante pagar a garantia, mas não cumprir os trâmites previstos no aviso de compra, é aplicada multa de 10% sobre o valor da operação e a empresa perde a garantia paga. O CNPJ de Wisley A. de Souza Ltda aparece habilitado para operações de importação e exportação no Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros da Receita Federal (Radar) desde 31 de maio deste ano, mas limitado a US$ 50 mil. Possivelmente, terá que terceirizar a importação, o que eleva os custos. O capital social da empresa, totalmente desconhecida no mercado de comércio de grãos no Brasil, é de R$ 5 milhões. O montante foi atualizado há uma semana. A reportagem tentou contato com o empresário, sem sucesso. Outra arrematante foi a ASR Locação de Veículos e Máquinas, empresa que aparece sem habilitação no Radar para importar ou exportar. Em dezembro de 2023, ela foi vencedora de outro leilão da Conab, intermediado pela Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso (BMT), para a compra de 12,7 mil toneladas de milho no valor de quase R$ 20 milhões. O cereal foi entregue na Bahia para abastecer pequenos pecuaristas. Edital O edital da estatal dizia que os participantes do certame deveriam ser “produtores rurais devidamente cadastrados perante a bolsa da qual pretendam participar da operação”. A ASR também não tem vínculo com o setor agropecuário. O dono, Crispiniano Espíndola Wanderley, tem ligação com o partido político PROS. Em entrevista ao portal “The Agribiz”, ele disse que fez uma ampla pesquisa para a aquisição de arroz em países como Uruguai, Argentina, Vietnã e até na Bolívia. Segundo a reportagem, o empresário afirmou que o cereal importado chegará ao país a US$ 800 por tonelada. Com a cotação da moeda americana em R$ 5,29 hoje, o arroz custaria R$ 4,23 por quilo. A ASR acertou a venda para a Conab por R$ 5 por quilo. “Esses preços são incompatíveis com os custos finais de entrega ao governo”, disse Carlos Cogo, da Cogo Consultoria. Ele é um dos agentes do mercado que mostram preocupação com a operação negociada pela Conab. No mercado, além da estranheza com o perfil das empresas arrematantes, há dúvidas sobre a operacionalização da importação. “O problema é a falta de conhecimento dos importadores com esse mercado. Eles precisam comprar esse arroz na próxima semana — se for asiático, para entregar em setembro. São 45 dias só de navio”, disse uma fonte. Uma hipótese aventada entre os especialistas do mercado é a compra de arroz da Guiana, vizinho ao norte do Brasil. O país produz cerca de 100 mil toneladas por ano e já exporta para cá. A operação poderia fazer sentido para Wisley Souza, que está mais próximo dessa origem, no Amapá. No Mercosul, dizem as fontes, há cereal disponível, mas não ao preço negociado no leilão. Outra arrematante do leilão fo
Essa é mais uma manchete indexada e trazida até você pelo site Agromundo.NET