Queijo mineiro com fungo e leite cru: como manter a tradição sem abrir mão da segurança alimentar

Característicos do estado de Minas Gerais e classificados de acordo com a região em que foram produzidos, os queijos artesanais são produtos que se utilizam de técnicas específicas em seu processo de produção: o Queijo Minas Artesanal de Casca Florida Natural é um deles. Com consistência macia, cor e sabor próprios e massa uniforme, com ou sem casca rugosa, a presença do fungo Geotrichum candidum é o que diferencia o produto dos demais, fazendo com que o sabor desta variedade seja ligeiramente ácido, podendo apresentar-se levemente picante.André Almeida / Crédito: IMA-DivulgaçãoFungos podem ser prejudiciais para a saúde humana, uma vez que alguns deles produzem toxinas, por isso ter a regulamentação de órgãos oficiais é tão importante, pois é o que garante que esse tipo de alimento é seguro para o consumo. São necessários estudos científicos para garantir que esses queijos, produzidos com fungos, não são nocivos à saúde e só depois de análises e testes laboratoriais é possível liberá-los para o mercado. "Em Minas Gerais, o fungo Geotrichum candidum foi definido como ingrediente do Queijo Minas Artesanal de Casca Florida Natural por sua utilização já ter benefício comprovado no setor alimentício e não produzir toxinas, conferindo características sensoriais específicas aos queijos”, explica André Almeida, gerente de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) , autarquia vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) . Outro ponto favorável à escolha desse fungo é sua presença em todo o território mineiro, o que possibilita parametrizar a produção desse tipo de queijo em todo o estado."Além dos cuidados com o cultivo do fungo utilizado na produção deste produto, assim como todos os queijos artesanais, o período de maturação, ou seja, de cura após o preparo, deve ser rigorosamente respeitado, pois é o tempo mínimo de maturação que permite a eliminação dos agentes patogênicos que podem estar presentes no leite cru. Ao mesmo tempo, o período de maturação não pode ser superior a sessenta dias, pois, o Geotrichum candidum morre, e outros micro-organismos, possivelmente nocivos à saúde, acham um ambiente favorável para se desenvolverem”, reforça André. O tempo de maturação vai de 14 a 60 dias, dependendo da região do estado em que o queijo artesanal é produzido.Até o último dia 12/6, o Queijo Minas Artesanal de Casca Florida Natural não tinha regulamentação própria, o que impedia a comercialização deste produto de forma legalizada. A partir da publicação da  Portaria Nº 2307  pelo IMA, os produtores poderão se regularizar e oferecer aos consumidores um produto com segurança alimentar garantida.Requerido pelos próprios produtores rurais, o documento levou cerca de dois anos para ser desenvolvido e contou com estudos de universidades e instituições de pesquisa de Minas Gerais e de outros estados do Brasil. A nova portaria pode ser considerada um marco para o segmento de laticínios pois,  segundo os produtores, as características únicas do Queijo Minas Artesanal de Casca Florida Natural agregam de 30% a 40% a mais no valor do produto.  Continua após a publicidade Regulamentação dos queijos artesanaisA produção de queijo artesanal em Minas Gerais tem raízes históricas, remontando ao período colonial. As tradições e técnicas de produção foram passadas de geração em geração, mantendo as características regionais. A principal especificidade do queijo artesanal é ser produzido com leite integral fresco e cru, além de preservar características únicas de identidade e qualidade, o que exige cuidados especiais durante todo o processo de produção para assegurar que são próprios para consumo.Em Minas Gerais, a produção desse tipo de produto foi reconhecida pela Lei Estadual nº 23.157/2018 e regulamentada pelo Decreto nº 48.024/2020. Este decreto estabelece normas específicas para o registro de queijarias e inspeção sanitária desses estabelecimentos. Além disso, o documento torna o registro do rótulo do queijo obrigatório, devendo atender às determinações do órgão de inspeção oficial, em Minas, o IMA. Por isso, o selo de inspeção, seja ele municipal, estadual ou federal, presente no rótulo do produto é essencial. “Achar que o queijo sem rótulo é um queijo ‘da roça’ e, por isso, mais natural, é um mito. O rótulo com o selo de inspeção é fundamental, pois atesta que o produto segue a legislação e passa por inspeções constantes”, completa o gerente.A legislação também exige que o queijo artesanal passe por análise laboratorial do serviço de inspeção oficial para garantir que está livre de agentes patológicos, o produtor também deve realizar análises laboratoriais para controle de qualidade, enviando por conta própria seu produto para análise em laboratório particular, em caso de alterações, o IMA pode intervir, solicitando uma análise extra em seu Laboratório de Microbiologia, localizado na CeasaMinas, em Contagem.Hoje, 151 queijarias artesanais são registrad

Junho 23, 2024 - 22:02
Queijo mineiro com fungo e leite cru: como manter a tradição sem abrir mão da segurança alimentar
Característicos do estado de Minas Gerais e classificados de acordo com a região em que foram produzidos, os queijos artesanais são produtos que se utilizam de técnicas específicas em seu processo de produção: o Queijo Minas Artesanal de Casca Florida Nat >>>

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