Produção sustentável de alimentos diante das mudanças climáticas

Fortes chuvas, longos períodos de estiagem e ondas de calor sucessivas não são mais novidades e demandam que a sociedade se adapte a uma nova realidade Um sistema alimentar resiliente, produtivo e com menor pegada ambiental é indispensável, e isso tem pautado encontros e fóruns internacionais. No grupo de empresários integrantes do Business 20 (B20), temos debatido constantemente os tópicos de segurança alimentar e sustentabilidade, com um olhar direcionado para as consequências climáticas. O objetivo é direcionar as prioridades e fazer recomendações à presidência do G20, que reunirá sua cúpula no Rio de Janeiro, em novembro. Saiba-mais taboola Esse debate se torna mais relevante e urgente diante de tragédias recentes. O maior desastre natural da história do Rio Grande do Sul, por exemplo, tem comovido o Brasil e ganhado destaque na imprensa internacional, em razão da extensão dos danos. Cidades foram devastadas, famílias perderam suas casas e comércio e indústria seguem contando seus prejuízos. As autoridades locais estimam que 93% dos municípios foram impactados e cerca de 2,3 milhões de gaúchos afetados. No mês em que se celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, é importante compreender as causas e, mais do que isso, colocar a discussão em um nível resolutivo, afinal os impactos sociais, econômicos e ambientais já são visíveis. Fortes chuvas, longos períodos de estiagem e ondas de calor sucessivas não são mais novidades e demandam que a sociedade se adapte a uma nova realidade. O ano de 2023, segundo o observatório europeu Copernicus, foi o mais quente do planeta desde 1850, com aumento médio de 1,48ºC acima do nível pré-industrial. É um número preocupante. Para termos como parâmetro, o Acordo de Paris, com base em estimativas do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima), da ONU, estabeleceu compromisso de limitar o aumento da temperatura média global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Globo Rural A realidade que se impõe diante do aquecimento global traz inúmeros desafios e a segurança alimentar é um deles. A garantia do alimento, cuja produção no campo também sofre com as intempéries do clima, nos leva a uma reflexão definitiva: como equilibrar produtividade com sustentabilidade. Levantamento da ONU mostra que para alimentar a população de 10 bilhões de pessoas até 2050, a produção agrícola deve aumentar em 30%. Uma equação complexa. Sob extrema pressão devido à emergência climática que, numa visão mais caótica pode levar a uma catástrofe de fome, a participação ativa do setor privado junto à sociedade civil e governos se torna vital para resolver a crise alimentar. Como protagonista na produção mundial de alimentos, o Brasil tem grande potencial para liderar uma agenda sustentável, integrando os diversos elos que essa cadeia compõe, do campo à indústria. Leia mais análises e opiniões de especialistas e lideranças do agro Conciliar esse desenvolvimento, entretanto, requer conscientização de quem está à frente de sistemas produtivos e investimentos em tecnologia. O Brasil, aliás, é referência mundial no agronegócio, justamente por centralizar sua estratégia de crescimento em inovação, ciência e pesquisa, a partir da década de 1970. Hoje, acumulamos conhecimento para ser exportado com o restante do mundo, com ações de impacto direto como, por exemplo, a adoção de práticas agrícolas sustentáveis. Quando falamos nessas práticas, a aplicação equilibrada de nutrientes, entre outras áreas-chave do elo produtivo, tem papel relevante não apenas para a saúde das culturas, mas também para prevenir a degradação e a poluição do solo. A saúde do solo, vale ressaltar, é um dos pilares da agricultura regenerativa e determinante para ampliar a capacidade de produção sem abertura de novas áreas. Embora não exista um consenso definitivo sobre o que é agricultura regenerativa, os conceitos dela derivados já podem ser vistos na prática, com exemplos relacionados ao sequestro de carbono, à redução da emissão de gases de efeito estufa e ao uso racional de recursos naturais, como a água. Um dos maiores desafios que a sociedade e o planeta enfrentam é equilibrar a demanda crescente por alimentos em meio aos efeitos climáticos devastadores. O solo, diante disso, tem grande relevância, pois a saúde dele afeta todo o sistema, das plantas ao bem-estar humano. Para produzir alimento e preservar o meio ambiente é preciso promover a integração de diferentes atores da cadeia de valor produtiva e, com isso, solucionar questões globais urgentes, em parceria com os agricultores, que são verdadeiros guardiães do solo. *Marcelo Altieri é presidente da Yara Brasil. Obs: As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva de seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da Globo Rural.

Produção sustentável de alimentos diante das mudanças climáticas
Fortes chuvas, longos períodos de estiagem e ondas de calor sucessivas não são mais novidades e demandam que a sociedade se adapte a uma nova realidade Um sistema alimentar resiliente, produtivo e com menor pegada ambiental é indispensável, e isso te >>>

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