Plano Safra 24/25: Expansão do crédito se deu à base de recursos sem equalização, diz FGV
Ainda de acordo com pesquisador da instituição, taxa de juros para a contratação do crédito decepcionou O Plano Safra 24/25 elevou em 10% o volume de recursos em relação ao ciclo anterior, para R$ 400,59 bilhões destinados a financiamentos para produtores rurais. "À primeira vista, parece algo muito bom, mas essa expansão se deu em programas com juros controlados sem equalização, ou seja, onde o Tesouro não tem que gastar mais para subsidiar as taxas para os produtores", destacou o pesquisador da FGV Agro, Felippe Serigati. Leia também: Pronaf terá R$ 76 bilhões no Plano Safra 24/25 Para indústria, recursos do Moderfrota devem durar apenas três meses Segundo o especialista, esta categoria de recursos do plano sem equalização de juros saiu de R$ 12,2 bilhões em 2023/24 para R$ 27 bilhões no novo plano. "Em um momento de aperto fiscal, o plano teve que buscar caminhos que não onerassem o Tesouro Nacional". Além disso, a maioria dos programas não teve grandes avanços nos volumes de recursos e os juros "foram o ponto mais frustrante", disse Serigati. No programa para compra de máquinas e equipamentos agrícolas Moderfrota Pronamp, para médios produtores, o valor do ano passado para este saiu de R$ 2,4 bilhões para R$ 2,8 bilhões, por exemplo. As taxas de juros para a agricultura empresarial se mantiveram quase todas estáveis, com exceção do Moderfrota, que viu uma redução de 1 ponto percentual, para 11,5%. "Lembrando que no momento da construção do Plano Safra do ano passado, nós tínhamos uma taxa Selic a 13,75% e no plano deste ano estamos em uma Selic de 10,5%", pontuou. "Então, na minha percepção, aqui talvez houvesse espaço para uma redução da taxa de juros, tal qual aconteceu dentro das linhas da agricultura familiar", afirmou. Serigati destacou que, sem uma redução significativa nos juros do Plano Safra, o custo final das operações de crédito ficará mais alto, puxado pelas taxas do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), que estão mais elevadas. Se a queda nos juros do crédito rural tivesse acontecido, ela poderia funcionar como uma compensação. "O Proagro é uma espécie de seguro, com a gestão feita pelo Banco Central, e a taxa do Proagro aumentou porque a probabilidade de ter alguma ocorrência como quebra de safra está maior", explicou o pesquisador, citando o maior nível de risco climático para as lavouras. Itens básicos O Plano Safra da Agricultura Familiar 24/25 trouxe reduções nas taxas de juros para agricultores que produzam itens básicos para a alimentação nacional, como arroz e feijão. No entanto, Serigati comentou que a maior fração destes produtos não vêm da agricultura familiar, e sim dos médios e grandes produtores. "Reduzir essa taxa de juros vai fazer surgir significativamente mais arroz e feijão? Tenho minhas dúvidas, principalmente no caso do arroz. O arroz é uma produção cara, vamos lembrar que a grande maioria da produção é de arroz irrigado, onde você tem um custo de irrigação, inclusive custo de energia elétrica", disse. O pesquisador afirmou também que, mesmo com as enchentes ocorridas no Rio Grande do Sul neste ano, maior Estado produtor da cultura, o abastecimento de arroz para o mercado nacional está garantido. Serigati enfatizou ainda que a redução das tarifas para este itens não foi uma decisão errada do governo federal, mas que poderia ter sido aplicada em outras frentes, como a alocação de mais recursos no seguro rural.
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