Em fazenda de soja, máquina só engole biodiesel puro

O que a Amaggi tem aprendido desde que passou a usar apenas o biocombustível sem mistura para abastecer equipamentos em uma de suas propriedades A Amaggi, um dos maiores grupos de processamento e exportação de grãos e fibra do país, acaba de concluir a transformação da Fazenda Sete Lagoas, em Diamantino (MT), em uma propriedade em que máquinas e equipamentos rodam exclusivamente com biodiesel sem mistura (B100). A partir dos resultados desse projeto-piloto, o grupo quer levar o B100 a outras unidades. Saiba-mais taboola “Precisamos primeiro avaliar a operação por alguns meses antes de pedir autorização à ANP [Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis]. Mas a ideia é expandir o mais rápido possível para as outras unidades”, afirmou Juliana Lopes, diretora de ESG, comunicação e compliance da Amaggi. Com 3,6 mil hectares de área, a Sete Lagoas é a menor das fazendas da Amaggi e também a que fica mais perto da unidade de produção de biodiesel da companhia, em Lucas do Rio Verde (MT), fatores que levaram a empresa a escolher a propriedade para o projeto-piloto. A fazenda produz soja, milho e gergelim, além de ter 800 hectares de vegetação nativa e 400 hectares de áreas de preservação de recursos hídricos. Aparentemente, não há diferenças entre uma fazenda em que se abastece as máquinas com B100 e uma convencional, a não ser pela ausência quase total de fumaça na operação dos equipamentos. As 28 máquinas — tratores, carregadeiras, motoniveladoras e pás carregadeiras — movidas a B100 são da marca John Deere, parceira da Amaggi no projeto. Na aparência, os equipamentos são iguais aos que se vê na agricultura e na construção e que utilizam combustível fóssil, afirma Bruna Mazzante, gerente de marketing da John Deere. A diferença está na engenharia. “A John Deere foi procurada em 2022 para avaliar o desenvolvimento de máquinas movidas a B100. O primeiro equipamento foi uma motoniveladora. Agora, estendemos a todo o portfólio da linha verde e da linha amarela”, diz. Segundo ela, o preço das máquinas que usam B100 é igual ao das que rodam com diesel. O consumo de combustível também é similar. Lopes acrescentou que, segundo testes que ocorreram na Fazenda Itacoatiara e que seguiram o GHG Protocol, as emissões de carbono com o uso do B100 foram até 99% menores do que as de equipamentos que utilizam diesel fóssil. Na Sete Lagoas, além de usar biodiesel sem mistura, a Amaggi também substituiu a aplicação aérea de fertilizantes pelo uso de bioinsumos. Segundo Lopes, o grupo já usa insumos biológicos em todas as suas 13 fazendas. A empresa movimenta 20 milhões de toneladas de grãos por ano, sendo 1,5 milhão de toneladas de produção própria, tem capacidade de armazenar 2,7 milhões de toneladas e embarca 5,5 milhões de toneladas. Para transportar essa produção, a companhia utiliza uma frota de mil caminhões e 212 barcaças. Por ano, a Amaggi consome 120 milhões de litros de combustível. Assim, para cumprir a meta de reduzir as emissões de carbono até 2035 e zerar emissões líquidas até 2050, a substituição do diesel por um combustível sustentável tornou-se essencial. “Por ser um combustível renovável, o B100 traz um resultado muito interessante nessa questão da sustentabilidade”, afirmou Ricardo Tomckzyk, diretor de relações institucionais da Amaggi. Segundo ele, hoje, o preço do B100 é 9% menor do que o do B14, mas a regulação de preços vai ocorrer com a evolução da demanda. A Amaggi inaugurou sua primeira usina de biodiesel em Lucas do Rio Verde (MT), em 2023. A unidade recebeu investimento de R$ 100 milhões e tem capacidade para produzir 337 milhoes de litros por ano. Atualmente, segundo Elliot Mello, gerente de operações corporativas da companhia, o complexo industrial produz 230 mil toneladas de óleo e 800 mil toneladas de farelo de soja por ano. Todo o óleo da unidade vai para a produção de biodiesel. O grupo quer usar a planta para atender sua própria demanda e também para abastecer o mercado. No momento, a Amaggi tenta obter a certificação do Renovabio para a usina de Lucas do Rio Verde. A certificação só sai depois de seis meses de operação da fábrica e da conclusão de processos de auditoria da ANP. Em relação ao consumo próprio, o primeiro grande passo foi a compra de 101 caminhões da Scania movidos a B100. A entrega dos veículos ocorreu entre maio e junho; eles devem começar a rodar uso no fim deste mês. André Gentil, gerente de vendas de soluções a frotistas da Scania Operações Comerciais Brasil, disse que os modelos que a Amaggi comprou têm autonomia para percorrer de 1,6 mil a 2 mil quilômetros com o B100. “Um caminhão a gás tem autonomia de 650 quilômetros, e o elétrico, de 200 quilômetros”, comparou. A Amaggi também testou o uso do B100 em uma embarcação. No teste, o deslocamento foi de 1.130 quilômetros, em uma viagem de ida e volta entre Porto Velho a Itacoatiara (AM), o consumo, de 120 mil litros de biodiesel, e a carga, de 50 mil toneladas. “Nós já apresentamos os dados

Julho 4, 2024 - 07:02
Em fazenda de soja, máquina só engole biodiesel puro
O que a Amaggi tem aprendido desde que passou a usar apenas o biocombustível sem mistura para abastecer equipamentos em uma de suas propriedades A Amaggi, um dos maiores grupos de processamento e exportação de grãos e fibra do país, acaba de conclui >>>

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