Impactos Climáticos na Apicultura e Seus Reflexos na Agricultura

Apicultura Impactos Climáticos na Apicultura e Seus Reflexos na Agricultura Fenômenos como El Niño e La Niña afetam diretamente a polinização e o desempenho das safras Publicado em: 06/08/2024 às 17:00hs A apicultura desempenha um papel crucial na agricultura, muitas vezes subestimado, na transferência de pólen e na polinização das plantas. As abelhas, incluindo a Apis mellifera, são essenciais para o desenvolvimento de culturas agrícolas, pois uma polinização eficiente resulta em frutos e sementes de alta qualidade e aumento na produtividade. De acordo com o Relatório Temático sobre Polinização, Polinizadores e Produção de Alimentos no Brasil, divulgado em 2018, a contribuição econômica das abelhas para a agricultura é estimada em 43 bilhões de reais. Além de favorecer a produção agrícola, as abelhas também são fundamentais para a manutenção da biodiversidade e dos ciclos ecológicos. A safra de 2023/2024 foi influenciada pelo fenômeno climático El Niño, caracterizado pelo aquecimento anômalo das águas superficiais do Pacífico Equatorial. Esse fenômeno altera o padrão de circulação atmosférica na América do Sul, causando mudanças significativas no clima, como variações nos ventos, temperaturas e precipitações. O El Niño afeta diferentes países de maneiras variadas. Na Índia, pode reduzir as chuvas de monção, comprometendo a agricultura e o abastecimento de água. Na Tailândia, provoca secas severas e falta de água para irrigação. Na Austrália, é associado a ondas de calor e incêndios florestais devido à diminuição das chuvas. No Brasil, os impactos do El Niño variam por região: o Centro-Oeste e o Sudeste enfrentam irregularidades nas chuvas e aumento de temperatura durante o período chuvoso; o Nordeste sofre com a redução significativa das chuvas, resultando em seca severa e diminuição do néctar e pólen; o Norte pode ter alterações nos padrões de chuvas e temperaturas, afetando a Amazônia e sua biodiversidade; e o Sul experimenta aumento das chuvas. Essas mudanças prejudicam a previsibilidade das colheitas e afetam o comportamento das colmeias. As abelhas, que dependem da temperatura ambiente para regular suas atividades biológicas, são particularmente sensíveis a eventos climáticos extremos. O calor excessivo causa estresse térmico nas abelhas, reduzindo suas atividades, como o forrageamento, e comprometendo sua capacidade de polinização e saúde geral. Durante períodos de calor, as abelhas buscam fontes de água para regular a temperatura interna da colmeia. A falta de água pode levar ao colapso das colmeias e ao avanço de pragas e doenças. Por outro lado, o fenômeno La Niña, caracterizado pelo resfriamento das águas do Pacífico Equatorial, pode trazer chuvas excessivas para o Brasil durante o verão, beneficiando áreas produtoras de milho e soja no Centro-Oeste, Sudeste, Sul e parte do Norte. No entanto, chuvas intensas e prolongadas podem inundar plantações e colmeias, prejudicando tanto a safra agrícola quanto a apícola. A presença de chuvas pode também levar a um aumento nas doenças e pragas das colmeias, como o ácaro Varroa, o microsporídio Nosema apis e o Besouro das colmeias (Aethina thumida). A previsão para o segundo semestre de 2024 indica uma alta probabilidade de instalação do fenômeno La Niña. Produtores e apicultores devem estar atentos às chuvas acima da média, especialmente nas regiões Nordeste e parte do Centro-Oeste e Sudeste, onde podem ocorrer doenças nas colmeias e impacto nas atividades de polinização. No Sul, a falta de chuva típica da La Niña também pode causar estresse hídrico nas plantas e reduzir a disponibilidade de pólen e néctar. Para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas, é fundamental que agricultores e apicultores desenvolvam estratégias eficazes. Os apicultores devem conhecer bem a região e o pasto apícola, evitando áreas propensas a alagamentos e mantendo as colmeias em locais elevados e protegidos. A visita regular ao apiário e o manejo adequado são essenciais para manter a produtividade. Os produtores, por sua vez, devem preservar áreas de matas e usar pesticidas com moderação para manter a presença de polinizadores. A comunicação eficaz entre agricultores e apicultores sobre as condições climáticas e os manejos é crucial para assegurar a coexistência harmoniosa entre a agricultura e a apicultura, protegendo a cadeia produtiva de ambos. Diante dos intensos eventos climáticos e seus impactos, a segurança alimentar global está em jogo, com a polinização desempenhando um papel central. A adaptação às mudanças climáticas é essencial, e medidas proativas podem ajudar a melhorar o processo de adaptação das abelhas e garantir um ambiente benéfico para o desenvolvimento das colmeias. Fonte: Portal do Agronegócio ◄ Leia outras notícias

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