Manejo de plantas daninhas exige estratégia diversificada
Uso de herbicidas na pré-emergência é uma das melhores alternativas para enfrentar resistência Buva, capim-amargoso, capim pé-de-galinha. Essas e outras plantas daninhas andam tirando o sono de agricultores Brasil afora. Para Fernando Adegas, pesquisador da Embrapa Soja, a intensificação da agricultura - interessante sob vários aspectos - acaba por intensificar a presença dessas temidas espécies nas lavouras. “A planta daninha hoje é um grande problema, não só na agricultura brasileira, mas mundial”, ressalta o pesquisador, que tem atuação focada no monitoramento e manejo de plantas daninhas de difícil controle e resistência. Leia também Resistência de plantas daninhas acende alerta a produtores Pesquisa avalia estratégias para prevenção da resistência de plantas daninhas a herbicidas Inteligência artificial para identificar plantas daninhas vence concurso de startups Adegas foi um dos participantes do videocast promovido pela Sumitomo Chemical, no último dia 31, que reuniu especialistas para debater as melhores técnicas para uma lavoura limpa. Para os participantes, é preciso ter uma estratégia de manejo de plantas daninhas para um combate eficiente. “Quanto mais diversificado o pacote das ferramentas, mais efetividade terá”, recomendou o professor Rubem Silvério de Oliveira Júnior, coordenador do Núcleo de Estudos Avançados em Ciência das Plantas Daninhas da Universidade Estadual de Maringá (NAPD/UEM). O professor destacou que devem ser adotados herbicidas, mecanismos de ação e modalidades de aplicação diferentes. E justificou: “toda vez que você confia demais em uma única ferramenta, você vai encontrar problemas pelo caminho, seja de resistência, seja de falha de controle ou de seletividade das culturas”. Os especialistas foram unânimes em apontar a utilização de herbicidas na pré-emergência, nos sistemas de produção, como uma das alternativas imprescindíveis para enfrentar problemas de resistência das plantas daninhas. A estratégia consiste em controlar as espécies invasoras antes que o banco de sementes depositado no solo comece a germinar. “Uma das chaves do sucesso, hoje, é a ferramenta do pré-emergente. O produtor que utiliza não deixa mais de usar”, salientou Edson Andrade Júnior, pesquisador do Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMAmt), que também participou do evento. Ele ponderou que o manejo pré entrega plantas menores para o pós trabalhar, o que garante a melhora da eficiência do pós-emergente também. Dicas para o controle de plantas daninhas Sistema diferente Marcelo Sumiya, gerente técnico da Cooperativa Coamo, lembrou, durante o videocast, que o pré-emergente não é uma novidade, mas exige uma nova forma de aplicação, tendo em vista os sistemas multiprodutivos da atualidade. “Antes do plantio direto, havia adoção de produtos incorporados ao solo em praticamente 100%. Hoje, estamos voltando aos pré-emergentes numa época diferente”, salientou. Isso significa, segundo ele, que antes o manejo de plantas daninhas previa que as culturas fossem tratadas individualmente. Hoje, precisam ser tratadas dentro do sistema de produção. “Isso traz uma complexidade diferente. Devido à intensidade de cultivo, é necessária uma nova dinâmica, uma capacidade técnica de olhar todo o sistema de produção. E todas as técnicas precisam estar integradas”. Sumiya destacou que, nesse novo cenário, os casos de sucesso vêm acompanhados de uma boa assistência: “um suporte técnico inadequado promove uma percepção errada de um pré-emergente e isso pode comprometer todo o sistema”. Um trabalho conjunto entre o centro de pesquisa da Coamo, a Embrapa e o NAPD/UEM, promove estudos para tentar antecipar problemas gerados pelas plantas daninhas e basear o desenvolvimento de estratégias. “Essas estratégias envolvem o monitoramento de plantas que possam estar escapando do controle e essa parceria traz um benefício direto para o agricultor, que atuará em conjunto com nossa assistência técnica”, explicou o gerente da cooperativa. Em termos de abrangência, a atuação da Coamo atinge em torno de 10% da área de soja do Brasil, com variações de sistema de cultivo - o que está diretamente relacionado ao clima - e na expansão do sistema de produção - por sua vez, tem relação com as características de solo. “Hoje a soja tem uma expansão com variabilidades gigantes, não só referentes ao controle de plantas daninhas”, avalia Sumiya. Utilização de herbicidas na pré-emergência é uma das alternativas para enfrentar problemas de resistência das plantas daninhas Wenderson Araujo/CNA Desmistificação Edson Andrade, pesquisador do IMAmt que desenvolve trabalhos relacionados a plantas daninhas, manejo e dessecação no sistema soja-algodão e soja-milho no Cerrado, observou ainda que, quando se começa a pensar em sistema, surge aquela preocupação que a cultura da segunda safra entregue uma área mais limpa para dessecação da safra seguinte. Para ele, é o sistema que tem que se pagar: “muitas vezes, o milho não paga aqui, mas a soja está pagando dob
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