Investimento na armazenagem de grãos pode evitar perdas de safra

Déficit na estocagem de alimentos coloca o Brasil em desvantagem no mercado internacional Reconhecido como um dos maiores produtores de grãos do mundo, o Brasil também enfrenta um grande desafio: a incapacidade de armazenar essa produção de forma eficiente, resultando em um déficit de aproximadamente 124 milhões de toneladas. Investir em estratégias para evitar desperdícios, reduzir custos e aumentar a competitividade no exterior é um dos principais desafios do setor. De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil fechou o ciclo 2022/2023 com 320,1 milhões de toneladas de grãos, uma alta de 17,4%, com destaque para o milho, responsável por mais de 60% da área cultivada. Para o período de 2023/2024, projeta-se uma queda de 8%, com a produção estimada em 294 milhões de toneladas. O alto déficit de armazenagem evidencia uma lacuna significativa na infraestrutura da cadeia produtiva. Dados da FAO, agência especializada das Nações Unidas para projetos de erradicação da fome, indicam que a capacidade ideal de armazenamento deveria exceder a produção em 20%, o que colocaria o Brasil na necessidade de aproximadamente 326 milhões de toneladas de espaço de armazenamento. A falta de armazéns modernos é um dos principais gargalos para essa evolução, especialmente no Centro-Oeste e em Matopiba¹ , principais zonas de escoamento da produção de grãos. Diante desse cenário, é imperativo investir em silos, armazéns e sistemas de armazenamento, bem como na infraestrutura de transporte — estradas, ferrovias e portos —, que deve estar preparada para escoar a produção eficientemente. Práticas sustentáveis e inovações tecnológicas também são essenciais para garantir a qualidade e a quantidade dos grãos armazenados, que podem tornar o Brasil líder no fornecimento global de alimentos. Desafios para o setor Com a deficiência em armazenagem, os custos logísticos aumentam, pois os agricultores são forçados a escoar rapidamente sua produção. Atrasos e custos elevados de transporte reduzem a competitividade do produto brasileiro no mercado internacional. Investir em um sistema próprio de armazenagem pode ser uma das saídas para reduzir o impacto do déficit e manter a saúde dos negócios. Por meio dele, o produtor pode escolher o momento mais adequado para a comercialização da produção, já que conta com pronta-entrega. Armazenando a colheita em silo próprio, é possível agregar valor, eliminando as taxas decorrentes da entrega dos grãos a terceiros e cuidando pessoalmente da qualidade do produto, diminuindo as perdas. As inovações e os avanços tecnológicos previstos para o setor já possuem o potencial de mitigar as perdas pós-colheita. Com um mix equilibrado de investimentos, tecnologia e práticas sustentáveis, o setor agrícola brasileiro pode vislumbrar um futuro mais competitivo. Crédito fácil Para possibilitar o investimento na armazenagem, é fundamental a abertura de linhas de crédito adequadas, com recursos suficientes para atender à demanda e às necessidades brasileiras. Nesse sentido, o Bradesco trouxe o PCA e crédito rural. São linhas de crédito com condições especiais para implantação, expansão e modernização de empreendimentos na área de agronegócios. O PCA é destinado a produtores rurais e cooperativas. O prazo de financiamento é de até 144 meses, incluída carência de até 24 meses. O valor é de R$ 50 milhões para armazenagem de grãos e R$ 200 milhões para armazenagem de grãos de cooperativas. A taxa de juros é de 7% aa para armazenagem de grãos (até seil mil toneladas) e 8,5% aa para demais investimentos. O crédito rural financia projetos relacionados à atividade agropecuária ou agroindustrial. O prazo é de até 120 meses com carência de até 24 meses. O valor do crédito é de R$ 150 milhões (TLP, TFB, Selic ou TFBD com variação cambial spread BNDES 0,95% aa). Os créditos estão sujeitos à disponibilidade, à aprovação e a demais condições do produto. 1. região que compreende os estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia