Mais de 80% dos focos de calor em SP estão em áreas de agropecuária
Cana-de-açúcar e pastagens estão entre as culturas atingidas, segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia Levantamento do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) divulgado nesta terça-feira (27/8), mostra que dos 2,6 mil focos de calor registrados no Estado de São Paulo de 22 a 24 de agosto, 81,29% se concentraram em áreas de uso agropecuário como as ocupadas pela cana-de-açúcar e pela pastagem. Leia mais Queimadas no interior de São Paulo: o que se sabe até agora Quais as consequências das queimadas no interior de SP? Entenda “Não é natural surgirem tantos focos de calor em um curto período, ainda mais em uma região como São Paulo. É como se fosse um Dia do Fogo exclusivo para a realidade do Estado, evidenciado pela cortina de fumaça simultânea que surge visualmente a oeste”, disse, em comunicado, Ane Alencar, diretora de Ciência do Ipam. De acordo com análise do instituto, do total de focos de calor em áreas produtivas em São Paulo no período, 44,45% (ou 1,2 mil focos de calor) ocorreram em áreas de cultivo de cana; 19,99% (ou 524 focos) em “mosaico de usos” – áreas agropecuárias, nas quais não é possível a distinção entre pasto e agricultura; 9,42% (ou 247 focos) em pastagens; e 7,43% (ou 195 focos) em áreas de silvicultura, soja, citros, café e outras lavouras. Já a vegetação nativa queimada soma 440 focos de calor, ou 16,77% de todos os focos registrados nos três dias. As formações florestais foram as mais afetadas, concentrando 13,57% dos focos de calor no Estado. “Os dados mostram que o principal alvo do fogo foram as áreas já desmatadas, ou seja, as que já tinham algum tipo de uso. Portanto, podemos concluir que, se o fogo atingiu uma área de vegetação nativa, isso ocorreu porque ele escapou do local onde teve início”, avaliou Wallace Silva, analista de pesquisa do Ipam. Saiba-mais taboola Sobre os municípios paulistas mais atingidos pelo fogo, a instituição disse que cinco cidades têm 13,31% dos focos de calor ocorridos nos três dias no Estado: Pitangueiras (3,36%); Altinópolis (3,28%); Sertãozinho (2,4%); Olímpia (2,17%); e Cajuru (2,1%), todas na região de Ribeirão Preto, com exceção de Olímpia, que fica no polo de São José do Rio Preto. ““Seja uma ação orquestrada ou não, é urgente reduzir o uso do fogo no manejo agropecuário e ser muito responsável no controle do fogo quando ele estiver sendo utilizado. O uso indiscriminado e irresponsável do fogo pode causar danos não só ao meio ambiente, mas também à propriedade e à vida das pessoas que, mesmo distantes, recebem o impacto da fumaça”, ressaltou a diretora de Ciência do Ipam. Para fazer o levantamento sobre os focos de calor em São Paulo a organização utilizou informações de satélites de referência para focos de calor com dados de cobertura e uso da terra referentes a 2023, produzidos pela Rede MapBiomas. Também foram utilizadas imagens do satélite GOES para visualização da fumaça e anomalia térmica.
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