Perdas com queimadas em canaviais de SP já alcançam R$ 500 milhões
Governo federal deve criar linhas de crédito para financiar recuperação das áreas atingidas Os prejuízos com as queimadas no Estado de São Paulo para o setor de cana-de-açúcar já somam R$ 500 milhões, segundo nova estimativa da Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana). Leia também Mapa das queimadas: veja as cidades afetadas pelos incêndios no Brasil Analistas de bancos divergem sobre tamanho do impacto de queimadas para usinas No começo da semana, a entidade havia projetado perdas de R$ 350 milhões, com 59 mil hectares afetados, mas alertara que os números iriam subir. Segundo a última contagem, foram 80 mil hectares de áreas atingidas pelo fogo. “Os prejuízos foram tanto na rebrota quanto na cana em pé”, disse à reportagem o CEO da Orplana, José Guilherme Nogueira. Ontem, o secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Guilherme Piai, disse que cerca de 5.200 propriedades em 150 municípios foram atingidas. Um total de 50 cidades entrou em estado de emergência, afirmou Piai, durante o 11 Congresso Brasileiro de Fertilizantes. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que também participou do evento, afirmou, em entrevista coletiva, que linhas de crédito serão criadas especificamente para a recuperação das áreas atingidas, embora ainda seja necessário dimensionar a necessidade dos produtores. Segundo ele, o ministério e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva “estão abertos a construir uma proposta com taxas de juros e carência para que esse recomeço seja feito por todos que foram afetados” pelo fogo. Sem dar detalhes, falou em medidas similares às implementadas após as chuvas no Rio Grande do Sul. O secretário de Política Agrícola do ministério, Guilherme Campos, e Piai devem se reunir nesta quarta-feira para alinhar as medidas de apoio aos produtores em níveis estadual e nacional, acrescentou Fávaro. Saiba-mais taboola Segundo o secretário de Agricultura paulista, o governo estadual disponibilizará crédito sem juros e com carência de dois anos pelo Fundo de Expansão Agropecuário Paulista (FEAP) para os produtores afetados pelos incêndios. Fazendo coro a várias declarações nos últimos dias sobre as queimadas, Carlos Fávaro afirmou que os incêndios são criminosos e que “têm que ser tratados com rigor”. Segundo ele, as investigações em andamento para encontrar os autores proporcionarão segurança jurídica aos produtores. Piai acrescentou que um quinto suspeito de atear fogo em áreas rurais foi detido. Além do plano do governo federal de criar linhas de crédito para apoiar a recuperação das áreas rurais afetadas pelos incêndios, Fávaro anunciou que o governo deve investir R$ 200 milhões no Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). “Em tempos de mudanças climáticas, não podemos ser vulneráveis com as previsões do tempo”, disse. Segundo ele, o instituto deve investir em uma rede de radares, algoritmos de inteligência artificial para previsões mais eficientes, o que, consequentemente, irá facilitar o seguro rural. Punições a crimes de incêndio Em reunião, em Brasília, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) definiu ontem apoio integral à aprovação de um pacote de propostas legislativas para endurecer as punições a crimes de incêndio criminoso, principalmente aqueles que devastam plantações e áreas de vegetação natural. A bancada também cobrou um plano de ação estruturado do governo federal, em conjunto com os executivos estaduais e municipais, para conter o fogo de forma imediata e eficaz. O presidente da FPA, deputado Pedro Lupion (PP-PR) criticou a postura adotada pelo governo federal e as acusações de envolvimento do próprio setor agropecuário na origem do fogo. O alvo principal foram as declarações da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que comparou as queimadas em São Paulo ao “Dia do Fogo”, ocorrido em 2019 no Pará, uma ação de grileiros e produtores para incendiar áreas da Amazônia. “ Isso não tem absolutamente nada a ver com a gente”, afirmou Lupion em conversa com jornalista após reunião. Segundo ele, o “maior e único prejudicado” pelas queimadas é o agronegócio. “Onde teremos algum envolvimento com isso? Quem mais está combatendo esses incêndios são as brigadas dos produtores de cana, das usinas, produtores de eucalipto. Para nós, é o pior cenário possível”, comentou. “Temos que descobrir quem está fazendo, pois não é acaso. Não consigo entender que seja acaso”. Levantamento do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), divulgado ontem, mostra que dos 2,6 mil focos de calor registrados no Estado de São Paulo de 22 a 24 de agosto, 81,29% se concentravam em áreas de uso agropecuário como as ocupadas por cana e pastagem. “Não é natural surgirem tantos focos de calor em um curto período, ainda mais em uma região como São Paulo. É como se fosse um Dia do Fogo exclusivo para a realidade do Estado, evidenciado pela cortina de fumaça simultânea que surge visualmente a oeste”, disse, em comunicado, Ane Alencar, diretora de Ciência do Ip
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