Governo vai usar Fundo Clima para internalizar dinheiro para pastagens

Eco Invest, iniciativa estruturada com recursos do Fundo Clima, poderá garantir oferta de US$ 1 bilhão para financiar recuperação de pastos degradados O Ministério da Agricultura e a Secretaria do Tesouro Nacional encontraram uma saída para finalmente dar o pontapé no Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas (PNCPD) com o uso de recursos internacionais. Um modelo já existente no arcabouço legal brasileiro deverá ser usado para internalizar o dinheiro estrangeiro e poderá garantir uma oferta de cerca de US$ 1 bilhão para o financiamento da recuperação dessas áreas, com juros próximos de 6,5% ao ano. Leia também Verba de R$ 100 milhões pode destravar projeto de conversão de pastagens Recuperação de pastagens deve priorizar áreas perto de frigoríficos na Amazônia, diz estudo A ideia é usar o Eco Invest, programa de mobilização de capital privado externo e de proteção cambial do governo. Lançada em fevereiro, a iniciativa é estruturada com recursos do Fundo Clima e faz parte do Plano de Transformação Ecológica do Brasil, para atrair e facilitar investimentos estrangeiros privados no país. As equipes têm trabalhado para anunciar um edital específico para recuperação de pastos degradados na linha de “blended finance” do programa. A linha já foi regulamentada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e está com um edital aberto, mas para projetos em geral relacionados ao meio ambiente. Um chamamento específico para financiar projetos de recuperação de áreas degradadas seria feito, segundo apurou o Valor, devido ao forte apelo ambiental dessa ação e também do interesse de bancos internacionais e multilaterais em apoiar a iniciativa. Também é uma demanda do próprio Ministério da Agricultura. Pela linha do “blended finance”, o governo abre um edital de leilão para financiamento de projetos em setores como biocombustíveis, indústria verde, saneamento, ferrovias e recuperação de áreas biodegradadas. Os agentes financeiros fazem lances para o financiamento de programas que apoiam. Saiba-mais taboola Os projetos que exigirem menor aporte de recursos públicos e que atendam às demais exigências do edital vencem. Entre elas está demonstrar que parte dos recursos para financiar os projetos será levantada nos mercados de capitais internacionais e que as exposições estão protegidas contra riscos cambiais. A ideia é distribuir os recursos disponíveis entre vários vencedores, não um único agente. A parte do financiamento público é bancada com recursos do Fundo Clima, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e que tem sido abastecido com valores levantados pelo Tesouro Nacional nas emissões externas de títulos da dívida pública sustentáveis — ou seja, aplicados em projetos com impacto ambiental ou social positivos. Já foram feitas duas emissões, cada uma de US$ 2 bilhões. Solução O assessor especial do Ministério da Agricultura, Carlos Augustin, disse que o modelo pode viabilizar o início do programa de conversão de pastagens degradadas e resolver o entrave. “Vamos usar parte do dinheiro do Fundo Clima e parte do dinheiro captados pelos próprios bancos para formar o valor total, que chegue em real mais juros de 6,5% ao ano aos produtores”, afirmou. Alternativas avaliadas até então previam repasse dos valores em dólar mais juros de 9% por ano, considerados proibitivos pelo setor. A ideia, segundo Augustin, é usar até US$ 1 bilhão dos recursos do Fundo Clima, via a linha de “blended finance” do Eco Invest, nessa primeira rodada. Como o dinheiro é complementar ao capitalizado pelos bancos operantes, o valor final alavancado deverá ser bem maior. Enquanto o Tesouro ajusta as regras para o leilão, o Ministério da Agricultura conversa com a Embrapa, o Banco do Brasil e o Ministério do Meio Ambiente para criar uma normativa técnica de monitoramento da aplicação correta desses recursos. “Dá pra fazer a coisa andar agora que o dinheiro apareceu e sabendo que existe um modelo pronto para fazer, mas precisamos definir quais são as práticas e qual será o monitoramento”, disse Augustin, que esteve na Europa na semana passado, onde conversou com bancos e fundos sobre aporte de recursos no programa. Ele ressaltou que continua na construção de outras ferramentas para atrair e viabilizar o ingresso de dinheiro no PNCPD. “Não significa que vamos parar de caçar dinheiro, mas esse modelo vai dar um primeiro impulso e tirar da inércia”, afirmou. Plano para recuperação de pastagens Gestado desde a pré-campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2022, o PNCPD foi lançado oficialmente em dezembro do ano passado, mas ainda não saiu no papel. A intenção é recuperar ou converter até 40 milhões de hectares degradados em dez anos e praticamente dobrar a produção de grãos no Brasil sem abertura de novas áreas. O custo total é estimado em cerca de US$ 120 bilhões. A equipe do ministro Carlos Fávaro já rodou o mundo para divulgar o programa e captar recursos para financiar a iniciativa.

Governo vai usar  Fundo Clima para internalizar dinheiro para pastagens
Eco Invest, iniciativa estruturada com recursos do Fundo Clima, poderá garantir oferta de US$ 1 bilhão para financiar recuperação de pastos degradados O Ministério da Agricultura e a Secretaria do Tesouro Nacional encontraram uma saída para finalm >>>

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