Mato Grosso lidera focos de fogo no país em 2024
Governador diz que incêndios são criminosos e defende punição mais severa a quem inicia o fogo Principal produtor agropecuário do país, Mato Grosso foi o Estado brasileiro mais atingido por incêndios e queimadas em agosto. De acordo com o sistema BD Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram mais de 14,6 mil focos registrados no mês passado em território mato-grossense, 21,3% dos 68,6 mil pontos de fogo identificados em todo o país no período. Mato Grosso também lidera o número de focos no acumulado do ano. Foram quase 32 mil até este sábado, cerca de 21% dos mais de 152,3 mil registros de fogo feitos pelo Inpe desde janeiro. A produção agrícola e pecuária do Estado deve movimentar cerca de R$ 164,8 bilhões, com destaque para a soja e a pecuária bovina, de acordo com dados mais recentes do Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária, do Ministério da Agricultura. Saiba-mais taboola Neste sábado (7/9), o município de Sorriso (MT), considerado a capital do agronegócio brasileiro, amanheceu encoberto pela fumaça das queimadas e incêndios. O fogo atinge, principalmente, áreas de parques e reservas. Efetivos dos governos federal e estadual e até produtores rurais com aviões agrícolas e demais equipamentos ajudam no combate às chamas na região. Áreas produtivas foram atingidas, mas não há um levantamento oficial dos danos. O cenário é parecido com o registrado no interior de São Paulo e de Goiás nas últimas semanas. Mais de 230 mil hectares de cana-de-açúcar foram queimados em canaviais paulistas, de acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica)> Apenas nessa sexta-feira (6/9), foram registrados 870 focos de calor em Mato Grosso, conforme o Programa BDQueimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Desses, 556 se concentram na Amazônia e 314 no Cerrado. Os dados são do Satélite de Referência (Aqua Tarde). O Corpo de Bombeiros de Mato Grosso combateu 40 incêndios florestais na sexta-feira (6/9). Um dos focos é no Parque Nacional de Chapada dos Guimarães. O fogo atinge a região do Mirante do Centro Geodésico da América do Sul. Equipes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) atuam no local. Há focos também no Pantanal mato-grossense. Segundo o Corpo de Bombeiros, 56 militares se distribuem na Terra Indígena Baía dos Guató e Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Sesc Pantanal, em Barão de Melgaço, e na divisa de Cáceres com a Bolívia e na região da Fazenda Cambarazinho, em Poconé. O Batalhão de Emergências Ambientais (BEA) dos bombeiros monitora, com auxílio de satélites, incêndios em ao menos 25 fazendas de vários municípios de Mato Grosso. Um dos casos atendidos pelos bombeiros militares mato-grossense foi em um fazenda em Campo Verde, a 132 quilômetros de Cuiabá. O incêndio teria começado em um fio de rede elétrica de alta tensão que se rompeu e caiu no chão, causando o fogo. O BEA também monitora a ocorrência de fogo na Área de Proteção Ambiental dos Meandros do Rio Araguaia, em Cocalinho; na Terra Indígena Apiaká Kayabi Munduruku, em Juara; na Terra Indígena Capoto Jarinã, em Peixoto de Azevedo; e na Aldeia Utiariti, em Campo Novo do Parecis. “A estiagem severa e a baixa umidade do ar têm contribuído para a propagação das chamas”, alertou o Corpo de Bombeiros, que pede para que a população colabore e respeite o período proibitivo de fogo no Estado. Segundo o órgão, 98 incêndio florestais já foram extintos nas últimas semanas. Incêndios criminosos Durante evento da revista Exame nessa semana, o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, disse que o fogo é causado pela atividade “criminosa, irresponsável e leviana” do ser humano. Segundo ele, o governo estadual investiu R$ 70 milhões no combate aos incêndios florestais e ao desmatamento ilegal. Mas ele defende mais rigidez na penalização dos crimes que dão origem às queimadas. “Mato Grosso tem o maior foco porque é o maior Estado. O governo faz tudo que é necessário fazer, investimentos prévios, esse ano são R$ 70 milhões disponibilizados para combate aos incêndios florestais e ao desmatamento ilegal (...) Infelizmente, isso não é suficiente face ao tamanho do desafio desse problema”, disse Mendes no evento. “As dificuldades inerentes ao nosso território torna muito difícil combater [o fogo]. Precisamos, objetivamente, criar mecanismos que tenham penalizações extremamente duras para quem comete esse crime de iniciar fogo que leva a um incêndio florestal”, defendeu. A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) afirmou, em nota, que tem “trabalhado para a redução dos riscos dos incêndios florestais com informações aos produtores sobre os perigos e as medidas necessárias para prevenir e evitar os impactos causados pelo fogo em todo o Estado”.
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