Seca e ‘sol escaldante’ já comprometem a próxima safra de café

Em MG, clima adverso afeta floradas da safra 2025/26; SP deve ter replantio após incêndio A combinação de seca prolongada, temperaturas acima da média e incêndios já causam perdas nas lavouras de café do país. Como na cana-de-açúcar — outra cultura afetada por essas condições —, os prejuízos não se restringem à atual safra. Produtores já consideram replantar parte de cafeeiros em formação — com menos de dois anos, e que ainda não entraram em produção. O impacto dessa medida será sentido nas colheitas das duas próximas safras, segundo especialistas. Se Minas Gerais, o maior produtor de café arábica do país, sofre com falta de chuvas e temperaturas elevadas, São Paulo enfrentou, além disso, incêndios, como os que destruíram áreas de cafezais na Alta Mogiana. Leia mais Clima adverso reduz previsão para safra de café em 6,8% Apesar do clima, safra 2024/25 de grãos deve bater recorde, diz Conab A cafeicultora e diretora da Associação de Produtores de cafés especiais da Região da Alta Mogiana (AMSC), Fernanda Maciel, conta que a altitude de 960 metros e o frescor do local já não existem mais. Segundo ela, a seca e os incêndios em algumas propriedades da região queimaram alguns cafés, que precisarão ser replantados. Outros, que já vinham castigados por uma geada no início de agosto, estão desfolhando e não irão produzir a quantidade esperada na próxima safra, a 2025/26. A propriedade de Fernanda Maciel, em Pedregulho, não chegou a ser atingida pelo fogo, como ocorreu com alguns vizinhos, mas a falta de chuvas deve frustrar sua expectativa de colher 5 mil sacas de arábica. “Seria nosso ano de melhor safra, pois sofremos com a geada de 2021 e tivemos que trocar 60% do cafezal e recomeçar os cuidados com a planta. Recuperamos na safra 2023/24, colhendo 4 mil sacas, e a expectativa era que 2025/26 rendesse 5 mil sacas, o que será impossível”, lamenta. O pesquisador da Embrapa Café, Carlos Cesar Ronquim, explica que quando altas temperaturas se somam a um período seco, a perda de água do solo e das folhas da planta para a atmosfera cresce. Para evitar essa perda, a planta fecha os estômatos (poros), o que reduz a captação de CO2, diminuindo a fotossíntese, e consequentemente, a produção de grãos. Impactos na florada Nesse cenário de seca em várias regiões produtoras do país, produtores já veem impactos na florada da safra 2025/26 — que acontece entre setembro e dezembro. Ronquim afirma que a seca pode levar ao amplo abortamento das flores e produção de frutos menores e mais leves, com efeitos na produtividade das lavouras. O clima irregular afeta ainda a uniformidade do florescimento do café, levando também a uma maturação também desuniforme. No sul de Minas Gerais, a estiagem prolongada e as temperaturas acima do normal também têm feito os cafeeiros murcharem e lesa a florada, conforme relatos de agricultores. Eugênio Andrade Souza, de Alterosa (MG), cultiva 25 mil plantas em seis hectares e começa a calcular as perdas causadas pela seca. “As lavouras em formação vão ter de ser replantadas. Serão dois anos sem produção”, diz Souza, segundo quem a última chuva na região aconteceu há mais de 160 dias. Ele estima que terá que replantar em torno de 4 mil pés de café, de 10 mil em fase de formação. “O sol está escaldante, está cozinhando a florada. Se continuar assim vamos ter uma perda de 20% a 25% na nova safra”, afirma. Arnaldo Bottrel Reis, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Varginha e da Comissão Técnica do Café da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), afirma que o sul de Minas e o Cerrado Mineiro são as regiões que mais sofrem com o clima adverso, além da Mogiana, em São Paulo. “O déficit hídrico já afetou a primeira florada, que é a mais importante. Vai ter que chover muito para que a planta se recupere para as duas floradas seguintes”, diz. De acordo com a Fundação Procafé, as regiões cafeeiras do sul de Minas apresentam um déficit hídrico no solo de 125 milímetros. Na região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, o déficit médio é de 243 mm, chegando a 332 mm em Araguari. Na região da Mogiana, o déficit hídrico é de 292 mm. Queda de chumbinhos Além do risco de abortamento de flores, um eventual prolongamento da seca pode levar à queda dos chumbinhos (microgrão do café) no caso das flores que vingaram, segundo a Procafé. “O cenário climático segue muito preocupante, com previsão de chuvas só no fim de setembro ou início de outubro. O tempo ideal para favorecer as floradas dos cafezais é de chuvas em setembro e com maior intensidade em outubro”, diz Sandra Moraes, da Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado (Expocacer). Segundo ela, não chove no Cerrado desde maio. “Com certeza a lavoura vai responder de forma negativa. Mas ainda não há como estimar o dano”, afirma. O que chama a atenção na seca deste ano é a extensão de período sem chuva, diz Juliano Tarabal, diretor-executivo da Federação dos Cafeicultores do Cerrado. Seg

Seca e ‘sol escaldante’ já comprometem a próxima safra de café
Em MG, clima adverso afeta floradas da safra 2025/26; SP deve ter replantio após incêndio A combinação de seca prolongada, temperaturas acima da média e incêndios já causam perdas nas lavouras de café do país. Como na cana-de-açúcar — outra cultura a >>>

Essa é mais uma manchete indexada e trazida até você pelo site Agromundo.NET