Barragens subterrâneas geram renda extra e recuperam semiárido; entenda como funciona

Agricultores que adotaram a tecnologia tiveram um incremento anual médio de 375 Kg na produção e agregaram R$ 7 mil por ano com o sistema Agricultores que possuem uma barragem subterrânea instalada em suas propriedades no Semiárido brasileiro tiveram um aumento anual na produção de 375 kg, o que gerou uma renda extra de R$ 7,3 mil por hectare. Os números expressivos fazem parte de um estudo da Embrapa Solos (RJ) sobre os impactos econômicos, entre 2006 e 2023, em lavouras com esse tipo de tecnologia brasileira. Saiba-mais taboola Os dados estão no balanço social, divulgado no último dia 30 de janeiro, e apontam que a cada R$ 1,00 investido nessa tecnologia social gerou um retorno R$ 2,27 para a sociedade. Atualmente existem cerca de 3 mil barragens subterrâneas construídas no semiárido nordestino. A barragem subterrânea tem reconhecido sucesso no semiárido brasileiro por possibilitar a conversão de áreas secas e inaptas à atividade agrícola em solos de produção rural para agricultores familiares. De acordo com Veramilles Aparecida Fae, analista da Embrapa Solos e uma das autoras dos estudos, os impactos econômicos foram avaliados a partir da produtividade e da expansão da produção. Para chegar no valor dos R$ 7,3 mil, o estudo calculou o preço médio da produção por quilograma de 78 alimentos em mercados locais. “O estudo resultou na estimativa de R$ 19,65 por quilograma, que multiplicados pela produção anual excedente, de 375 Kg, resultou no valor final para quem possui uma barragem subterrânea em sua propriedade”, ressaltou a economista em nota. Uma família investiu R$ 20 mil, com subsídios governamentais e de ONGs, e no segundo caso com o valor inicial investido na obra de R$ 27 mil, para quem não contou com nenhum subsídio. Barragem subterrânea tem transformado áreas do Semiárido, originalmente inaptas à agricultura, em lavouras produtivas Divulgação/Embrapa “A tecnologia se mostra atrativa e viável, apresentando resultados positivos em todos os índices levantados”, afirmou por comunicado o analista Igor Rosa Dias de Jesus, supervisor do Setor de Gestão da Prospecção e Avaliação de Tecnologias da Embrapa Solos, responsável pelos estudos de avaliação de impactos da barragem subterrânea. Ele explica que a cadeia produtiva das regiões mais áridas do Semiárido nordestino está fortemente ancorada na agricultura e na pecuária para consumo humano e animal e venda do excedente em feiras agroecológicas municipais. “O grande impacto proporcionado pela barragem subterrânea é a habilitação para o cultivo de áreas que antes de sua instalação não estavam disponíveis. Essa disponibilização das terras ao longo de quase todo o ano apresenta impactos significativos nas localidades em que essas barragens são instaladas”, acrescentou. Poder da água na diversidade de cultivos A disponibilidade da água melhora também a qualidade dos solos e promove recuperação de áreas do semiárido que sofreram degradação, já que evita que os nutrientes se percam por meio dos processos de erosão e de lixiviação. O cultivo nas barragens subterrâneas avaliadas pelo estudo conduzido pela Embrapa Solos ainda é direcionado ao consumo próprio, havendo plantios de milho, feijão-comum, feijão de corda e fava, hortaliças e leguminosas, como couve e batata-doce e até cana-de-açúcar. Há áreas de frutas, entre elas melancia, melão, acerola e goiaba, além capim e palma forrageira, que são armazenados em silagem para alimentação animal. Com a tecnologia em pleno funcionamento, cada família possui entre seis e oito cabeças de gado, geralmente duas delas produzindo leite. As galinhas e perus são em torno de 10 e 15 cabeças, porcos ou ovelhas de 5 a 10. “Em época de chuvas, a média tende a aumentar, fazendo com que haja comercialização do excedente, como a venda de derivados de ovos e leite. Alguns agricultores chegaram a contabilizar até 30 cabeças de gado e 50 aves. O plantel de criação se altera de acordo com a intensidade da estiagem. Em cenários mais secos, estima-se uma redução de 60% a 70% em relação a períodos mais chuvosos”, observou Igor de Jesus. Como funciona a barragem subterrânea A barragem subterrânea consiste na utilização de uma lona plástica que desce no solo a profundidades de 3 a 5 metros, em valas que são cavadas em regiões declivosas de áreas agrícolas. Como a água não escorre, o solo fica umedecido durante vários meses, tornando-se apto para plantio. A ideia foi direcionada a áreas de secas mais longas e com poucas chuvas, como é o caso do semiárido. Usando a barragem subterrânea, a água das poucas chuvas do ano fica estocada no interior do solo a partir da lona instalada, de forma que a umidade do solo permita o cultivo durante três a cinco meses após o período chuvoso, a depender das chuvas ocorridas no ano. “Algumas barragens subterrâneas construídas em ambientes muito propícios produzem durante todo o ano, inclusive em períodos de escassez de chuvas”, afirmou, em nota, Albani Vieira da Rocha, coordenador executivo do

Fevereiro 4, 2024 - 11:30
Barragens subterrâneas geram renda extra e recuperam semiárido; entenda como funciona
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