Chuvas e granizo destroem lavouras no Rio Grande do Sul
Cabeças de gado foram mortas por raios, e plantações de trigo, milho e fumo foram afetadas As chuvas registradas em diversas áreas do Rio Grande do Sul nos últimos dias estão causando sérios prejuízos aos produtores de diferentes localidades do Estado. Na região central, no município de Fortaleza dos Valos, distante 330 quilômetros da capital Porto Alegre uma, forte chuva de granizo registrada por volta das 4h desta quinta-feira (26/9) afetou lavouras de trigo, aveia, milho e ervilhaca atingindo cerca de 1 mil hectares de cultivo, segundo estimativa de produtores. Leia também Veja a previsão do tempo para a sua cidade Onda de calor: Inmet publica três alertas vermelhos Tempo quente e falta de chuva preocupam produtores rurais Na AgroKriese, propriedade da família Kriese, a chuva de granizo que durou cerca de 15 minutos atingiu 130 hectares de trigo e 8 hectares de aveia. De acordo com o produtor Volney Kriese, o alto volume de precipitações, cerca de 100 milímetros, associado aos fortes ventos e ao granizo colocaram no chão a totalidade das lavouras de trigo, que estava em estágio final de desenvolvimento e 80% das plantações de aveia. “A produtividade do trigo, inicialmente estimada em 80 sacas por hectare não deve ultrapassar as 30 sacas”, lamenta. Na propriedade vizinha de Esequiel dos Santos, que cultiva milho para silagem, 80% dos 40 hectares foram impactados. “As lavouras estão todas deitadas no chão”, diz o produtor, que pretendia alimentar o rebanho de 130 vacas com o milho que estava programado para ser colhido a partir de 15 de dezembro. Na propriedade vizinha de Esequiel dos Santos, que cultiva milho para silagem, 80% dos 40 hectares foram impactados Esequiel dos Santos/Arquivo pessoal Santos pretender aguardar um período de estiagem, o que deve ocorrer durante o final de semana dos dias 28 e 29 de setembro, para entrar nas lavouras e avaliar de perto o prejuízo, mas acredita que terá que replantar toda a lavoura. Da mesma forma, o agricultor Mario Cesar Weber da Luz, que já estava com as lavouras de trigo, aveia e ervilhaca bem implantadas, constatou prejuízos em 70 hectares, dos quais 30 estavam cultivados com trigo, 30 com aveia e 10 com ervilhaca. “Nós começaríamos a colher a aveia em 20 dias e o trigo já estava com os grãos formados”, conta. Da produtividade estimada inicialmente de 70 sacas para as lavouras de trigo, ele acredita que não deve conseguir colher além de 25 sacas. “Mesmo as lavouras que ainda estão de pé foram machucadas”, avalia o produtor que também teve a horta e pessegueiros atingidos. “Infelizmente esse prejuízo será assimilado por nós mesmos porque a área afetada não tinha seguro”, lamenta. Em outras áreas que o agricultor mantém com seus filhos em municípios vizinhos, de cerca de 330 hectares, apesar das chuvas, não houve registro de prejuízo. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a atividade agropecuária ocupa 44, 9 mil hectares do município de Fortaleza dos Valos. Bovinos são mortos por raios Outra região que vem sofrendo com as contínuas chuvas é o Sul do Estado. No município de Tapes, distante 110 quilômetros de Porto Alegre, algumas áreas receberam entre 260 e 400 milímetros de chuvas desde segunda-feira (23/9). “Na manhã desta quinta-feira (26/9) a BR 116 foi interditada”, conta o Fábio Eckert, que está com campos submersos e perdeu três cabeças de gado, que foram atingidas por raios. O produtor planta apenas as culturas de verão e se dedica no inverno à engorda de bois. Atualmente mantém um rebanho de mil cabeças. “Estamos preparando o plantio de arroz e de soja, mas as áreas estão alagadas”, diz. Segundo ele, o plantio de arroz ia começar em 20 de setembro, mas está atrasado devido às chuvas. “A sinalização era de que as chuvas seriam abaixo da média no mês de setembro, mas desde maio, quando ocorreram as enchentes no estado, as chuvas praticamente não param”, conta. Com 4 mil hectares, ele espera conseguir cultivar o arroz até 15 de novembro e a soja até 15 de dezembro. Fumo é destruído Já Matheus Rocha, que planta fumo em Camaquã, município também do Sul do estado, teve sua lavoura atingida por granizo na manhã desta quinta-feira. “Perdemos 45 mil pés de fumo. Além de as lavouras terem sido totalmente destruída, o fumo que estava secando nas estufas também foi perdido porque ficamos sem energia”, conta. Lavoura de fumo destruída pelo granizo em Camaquã (RS) Matheus Rocha/Arquivo pessoal No caso de Matheus, as lavouras possuem seguro. Ele já acionou a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), responsável pelo seguro da lavoura. Procurada pela reportagem, a assessoria de comunicação da Afubra informou que últimos dias foram registradas cerca de mil ocorrências de sinistro nas lavouras, principalmente, nas microrregiões de Santa Cruz do Sul, Camaquã, São Lourenço do Sul, Canguçu, Candelária e Sobradinho. Do início da safra, em julho, até hoje, a associação registrou 1.395 ocorrências.
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