Zilor acerta venda do controle da Biorigin por R$ 665 milhões
Companhia vende 70% da unidade de leveduras em Quatá para a francesa Lesaffre A Zilor, um dos mais tradicionais grupos sucroalcooleiros de São Paulo, acertou a venda do controle de parte de seu negócio de derivados de levedura Biorigin para a companhia francesa Lesaffre, uma das maiores fornecedoras de leveduras para panificação do mundo, por cerca de R$ 665 milhões. Leia mais Tereos e Koppert firmam parceria para desenvolvimento de biológicos Be8 capta R$ 200 milhões com primeiro CRA A Biorigin, negócio de leveduras da Zilor, enfrentou turbulências no mercado no ano passado com os altos estoques dos clientes no mundo e queda dos preços após uma forte alta pós-pandemia, especialmente no segmento de soluções para alimentação humana. Na safra 2023/24, a receita do negócio de leveduras foi de R$ 605 milhões — 17% da receita da Zilor. A companhia, principal sócia da Copersucar, processou na temporada passada 11,4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar e teve uma receita de R$ 3,5 bilhões na temporada passada, dos quais 42% foram com a venda de açúcar, 34% com etanol e 6% com energia elétrica. O acerto com a Lesaffre envolveu apenas a unidade da Biorigin de derivados de leveduras localizada em Quatá (SP), que oferece produtos para alimentação humana e nutrição animal. A planta será segregada em uma nova empresa e entrará no portfólio da companhia francesa. A Lesaffre — que diz produzir o fermento usado na produção de um terço dos pães no mundo — ficará com 70% das ações da nova Biorigin, e a Zilor ficará com os outros 30% — o que implica um valuation de R$ 950 milhões apenas da unidade vendida. O grupo paulista continuará com as unidades que hoje são da Biorigin em Macatuba e Lençóis Paulista, que também fabricam produtos a partir da fermentação alcoólica e fermentação de cerveja. Maurício da Barrosa, diretor de negócios da Biorigin, nega que a venda do controle do negócio esteja relacionada à crise no mercado de leveduras no ano passado. Fabiano Zillo, CEO da Zilor, reforça ainda que a companhia não está abandonando o setor de leveduras. “O mercado continua em crescimento e continuamos acreditando nele”, assegura o executivo, que aposta no aumento da demanda por alimentos naturais e saudáveis, que usam os derivados de levedura da Biorigin. Estratégia Segundo Zillo, a transação deve dar mais competitividade e complementariedade para o negócio, dado o conhecimento e alcance da Lesaffre no segmento global de leveduras. Para o grupo francês, a aquisição do controle da Biorigin representa sua primeira incursão na produção de leveduras em solo sul-americano, enquanto para a companhia sucroalcooleira, a operação permite que o negócio aumente sua presença no mercado da Ásia, que se destaca pelo crescimento. “Vamos ter um pegada global, com sinergia de inovação, e vamos atender melhor nosso cliente com menos custo”, complementou Barrosa. A Zilor entrega para a Lesaffre o controle de uma unidade com investimentos recém realizados. Desde o início da safra até agora, a companhia já investiu cerca de R$ 20 milhões em projetos na Quatá para melhorar a eficiência e a escala operacional. O plano inicial era investir R$ 70 milhões na unidade, mas a estratégia agora será reavaliada com o novo sócio majoritário. “Vamos ver junto com eles se temos algum ajuste para fazer”, disse Zillo. Na visão de Barrosa, o mercado de leveduras deve se estabilizar neste ano. Após o uso dos estoques no ano passado pelos clientes, a expectativa do executivo é de recuperação dos volumes demandados, enquanto a perspectiva para os preços é de estabilidade. “E a perspectiva para o ano que vem é de crescimento ante o ano atual”, acrescentou. A conclusão da venda está sujeita ao cumprimento de certas condições, dentre eles a aprovação de credores e outras aprovações legais e regulatórias, como a do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Assim que a operação for concluída, a Zilor espera utilizar os recursos que entrarão no caixa para “investir na perenização do negócio”, afirmou o CEO da companhia.
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