América Latina se prepara para boom do hidrogênio verde,mas não será fácil
07/10/2024 América Latina se prepara para boom do hidrogênio verde,mas não será fácil Reprodução Revista Quatro Rodas Brasil, Chile e Colômbia são alguns dos países com projetos para a transição energética. A riqueza da América Latina em termos de hidreletricidade e outros recursos de energia renovável poderia tornar a região uma grande produtora de hidrogênio limpo, em meio à busca global por alternativas aos combustíveis fósseis para combater a crise climática, mas há alguns obstáculos grandes no caminho. Líderes governamentais esperam um grande "boom" na região com o hidrogênio limpo, também conhecido como hidrogênio verde, produzido usando eletricidade de fontes renováveis que não emitem carbono. Na Colômbia, por exemplo, o governo liderado pelo presidente esquerdista Gustavo Petro transformou a transição do petróleo e carvão para a energia renovável em uma meta política importante. E bilhões de dólares em financiamento estão sendo oferecidos por credores multilaterais. No entanto, grupos do setor e analistas disseram que ainda são necessários mais investimentos. Outros grandes obstáculos mencionados por eles incluem a falta de compradores para o combustível, já que as empresas locais têm evitado assinar os acordos necessários para os produtores garantirem financiamento. Isso agravou a escassez de produção local. Os defensores promovem o hidrogênio limpo como combustível para tudo, de caminhões a altos fornos de aço e como insumo para fertilizantes verdes. No entanto, os críticos afirmam que sua produção ainda requer insumos energéticos excessivos. Os países latino-americanos estão prontos para se beneficiar, uma vez que países europeus e asiáticos precisam se preocupar e começar a assinar contratos para "quantidades substanciais" de hidrogênio, disse Monica Gasca, diretora executiva da Associação Colombiana de Hidrogênio, à Reuters. No entanto, ela e outros especialistas do setor afirmaram que a produção provavelmente não aumentará muito sem o fechamento de negócios. "Estamos em um cenário de ovo e galinha quando se trata de hidrogênio verde", disse Fernando Schaich, diretor de hidrogênio verde da empresa de serviços de energia SEG Ingenieria, sediada no Uruguai. As próprias indústrias latino-americanas poderiam ser importantes clientes de hidrogênio, comentou Schaich. "Todos os projetos começarão de fato quando os setores de transporte marítimo, aéreo e pesado assinarem acordos e assumirem compromissos." O preço econômico do combustível para atrair clientes depende de suprimentos baratos, abundantes e confiáveis de energia renovável. Porém, na Colômbia, dezenas de projetos eólicos em terra planejados para a península de La Guajira foram cancelados ou adiados por muito tempo porque grupos indígenas não aprovaram a construção. "Se a Colômbia não fizer um esforço real para facilitar os diálogos entre as comunidades e os desenvolvedores, principalmente em La Guajira, a Colômbia será pelo menos 33% menos competitiva do que o resto da América Latina", afirmou Christiaan Gischler, especialista líder em energia do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). O hidrogênio limpo é atualmente muito mais caro —mais de US$ 10 (R$ 54,75) por quilo em alguns lugares— do que o hidrogênio mais contaminante, disse Luisa Palacios, pesquisadora sênior do Centro de Política Energética Global da Universidade de Columbia. O hidrogênio cinza gerado a partir de combustíveis fósseis custa atualmente de US$ 1 a US$ 3 (R$ 5,47 a R$ 16,43) por quilo, acrescentou Palacios. Mas Gischler disse que o reaproveitamento de ativos existentes, como gasodutos ou a construção de infraestrutura compartilhada, poderia reduzir os custos do hidrogênio limpo na América Latina para US$ 1,50 a US$ 2,50 por quilograma. COMPRADORES E REGULADORES Um relatório do Fórum Econômico Mundial publicado em agosto registrou que cerca de US$ 6,1 bilhões (R$ 33,40 bilhões) foram destinados a investimentos em energias renováveis —incluindo hidrogênio limpo— em toda a região por credores e fundos multilaterais, bem como por governos estrangeiros e regionais, além de um estudo de viabilidade para uma usina de hidrogênio limpo de US$ 4 bilhões (R$ 21,91 bilhões) no Uruguai. Essa é uma pequena fração do investimento de US$ 100 bilhões a US$ 300 bilhões (R$ 547,52 bilhões a R$ 1,65 trilhão) que Maria Florencia Attademo-Hirt, do BID, disse em uma mesa redonda que o setor precisaria na região até 2030. Há cerca de 65 projetos de hidrogênio limpo na América Latina, a maioria em estágios iniciais de desenvolvimento, de acordo com o think tank Wilson Center, que organizou a mesa redonda. Até o final de 2023, a Colômbia tinha cerca de 28 projetos, de acordo com a Gasca, incluindo um projeto em escala industrial na refinaria da estatal Ecopetrol na cidade de Cartagena, que deverá entrar em operação em 2026. A brasileira Petrobras também está de olho no hidrogênio limpo para substituir o hidrogênio cinza em suas próprias operações, de acordo com o chefe de transição en
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