FAO faz alerta sobre a fome no Dia Mundial da Alimentação: “Não há tempo a perder”
Data comemorada anualmente serve como reflexão para a criação de medidas que amenizem problema no mundo A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) reforçou, nesta quarta-feira (16/10) o alerta para a urgência de se combater a fome no mundo. A agência da ONU realizou a celebração anual do Dia Mundial da Alimentação, em sua sede, em Roma, capital da Itália. Leia também Mudas biofortificadas promovem segurança alimentar no Sertão Brasil quer união de países para eliminar a fome O tema do Dia Mundial da Alimentação em 2024 é ‘Direito à Alimentação para uma Vida Melhor e um Futuro Melhor O diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, destacou, em discurso, que a data não deve ser apenas um lembrete de que o direito a uma alimentação adequada é fundamental e de toda a população. “É um compromisso para construir sistemas agroalimentares mais eficientes, mais inclusivos, mais resilientes e mais sustentáveis que possam nutrir o mundo”, diz. Diante dos números expressivos e alarmantes e que aumentam a cada dia com os choques climáticos, conflitos globais, entre outros acontecimentos, o dirigente alerta para a urgência de providências mais eficazes: “Não há tempo a perder, devemos tomar medidas imediatas”. O Dia Mundial da Alimentação foi estabelecido pela FAO em 1979, com o objetivo de estimular a discussão em nível global sobre os desafios da produção, distribuição e consumo de alimentos. A data escolhida é a da fundação da agência da ONU, em 16 de outubro de 1945. Nos critérios da ONU, uma região está em situação de fome quando sua população enfrenta um cenário generalizado de desnutrição e a falta de acesso aos alimentos provoca mortalidade. Dados da própria organização indicam que mais de 700 milhões de pessoas em todo o mundo enfrentam a fome e quase 3 bilhões não têm condições de pagar pelo acesso a uma alimentação saudável. O relatório de Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo 2024, da FAO, estima que, em 2023, até 757 milhões de pessoas, ou 9,4% da população mundial, enfrentaram a fome. Na África, continente mais pobre do mundo, a situação chega a 20,4% da população (300 milhões de pessoas); na Ásia, 8,1% (385 milhões); na América Latina, 6,2% (40 milhões de pessoas); e na Oceania, 7,3% da população (3 milhões). Em 2023, até 757 milhões de pessoas, ou 9,4% da população mundial, enfrentaram a fome FAO/Divulgação Outros dados relevantes – e preocupantes – do documento projetam que 582 milhões de pessoas estarão subnutridas no fim da década (até 2030) e que a insegurança alimentar afeta mais as mulheres do que os homens. Na cerimônia promovida pela FAO em Roma, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, destacou a necessidade de ações para que o futuro não seja com bilhões de pessoas enfrentando a falta de alimentos. “Algo está muito errado com um mundo em que a fome e a desnutrição são um fato da vida para bilhões de crianças, mulheres e homens. Os sistemas alimentares precisam de uma transformação massiva para se tornarem mais eficientes, inclusivos, resilientes e sustentáveis”, disse. Em mensagem lida no evento, o Papa Francisco disse que quem tem o poder de resolver e tomar medidas não pode esquecer a dimensão social do problema. “Os tomadores de decisões políticas e econômicas em nível internacional devem ouvir as demandas daqueles que estão na base da cadeia alimentar, como os pequenos agricultores, e dos grupos sociais intermediários, como a família, que estão diretamente envolvidos na alimentação das pessoas”, afirmou. Como está a fome no Brasil? Novamente no Mapa da Fome desde 2022, o país possui 2,5 milhões de pessoas em insegurança alimentar severa. Significa, pelos critérios da FAO, que essa parte da população brasileira “está de fato sem acesso a alimentos e passa um dia inteiro ou mais sem comer”. A condição pode levar a problemas graves de saúde e afetar o desenvolvimento e a formação cognitiva na primeira infância, no caso das crianças. Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e integrantes do governo em cerimônia alusiva ao Dia Mundial da Alimentação Ricardo Stuckert / PR O Brasil havia saído da lista em 2014, mas, com os números crescentes de pobreza, pobreza extrema e insegurança alimentar a nutricional no triênio 2019-2021, voltou a ser incluído. Em cerimônia alusiva à data, em Brasília, o governo anunciou medidas de incentivo à produção orgânica e agroecológica, ao plantio de arroz, modernização de bancos de alimentos e de compra e doação de alimentos às cozinhas solidárias.
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