No Pará, 97% da supressão vegetal no Estado foi feita de forma ilegal

Para secretário do Meio Ambiente, desmatamento ilegal é parte de um processo de especulação imobiliária Com uma taxa de desmatamento de 3,3 mil km2 em 2023, o Pará teve 97% dessa supressão vegetal realizada de forma ilegal, segundo o secretário de Meio Ambiente do Estado, Raul Protázio Romão. “Só 3% do desmatamento no Pará é legal, e estamos falando basicamente de mineração e uma ou outra supressão autorizada para manejo em bovinocultura”, disse Romão durante o evento Vozes do Agro, realizado pela Globo Rural e Valor. Leia também Como o desmatamento pode afetar o clima e por que o agro deve ficar atento? Cerrado ultrapassa a Amazônia e é bioma mais desmatado no Brasil Em sua apresentação, ele destacou a importância de o agronegócio se posicionar contrário a esse processo. “Se não reconhecermos que isso é um problema, vamos nos colocar na mesma trincheira que a turma que faz isso”, afirmou o secretário. Ele ressaltou que o desmatamento ilegal é parte de um processo de especulação imobiliária, e que R$ 2 mil gastos para desmatar um hectare de área pública não destinada permite vendê-la depois de seis meses por até R$ 15 mil. “Em qual outro negócio você poderia alavancar seu capital dessa forma?”, provocou. Romão afirmou ainda, aos mais de 90 executivos presentes no evento, que 75% das emissões de carbono do Estado, cujo território está integralmente inserido no bioma amazônico, foram provenientes desse desmatamento: um “carbono criminoso”, em suas palavras. “Essa é uma agenda que o Brasil precisava ter resolvido no século passado. Esperamos conseguir fazer isso para começar a falar de sequestro de carbono, redução de emissões de metano, plantio direto, coisas que poderíamos estar discutindo se ainda não tivéssemos que resolver desmatamento ilegal e grilagem”, disse. O secretário paraense enfatizou ainda que os produtores rurais não estão engajados com a pauta ambiental. “O produtor não tem entendido a agenda da sustentabilidade como uma agenda econômica, ele tem entendido como uma agenda regulatória, que fazer pastejo rotacionado é uma obrigação ambiental. Ele não entende que isso vai reduzir o custo de produção e gerar retorno”, observou. A solução, para Romão, é apresentar tais práticas pelo viés econômico. “O convencimento vem por aí, quando você demonstra que ele vai botar mais dinheiro no bolso com essas práticas que são, também, ambientalmente corretas e climaticamente mais inteligentes”, defendeu.

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