Migração de trabalhadores do agro para outros setores foi incompleta
Estudo da consultoria McKinsey mostra que nem sempre a passagem para empregos em outras áreas se deu em ambiente de maior produtividade O Brasil conseguiu fazer a migração de trabalhadores do setor agrícola para o manufatureiro e, depois, o de serviços. Mas essa transformação foi incompleta. Com aumento de produtividade na agropecuária, trabalhadores migraram para outros setores, mas nem sempre de produtividade maior, alerta estudo da consultoria McKinsey. O documento antecipado ao Valor lembra que, embora haja um acordo entre os países do G20 em direção ao crescimento sustentável e inclusivo, a produtividade vem desacelerando desde 2008 nos países do grupo. Saiba-mais taboola “O setor agrícola do Brasil é um exemplo de alto crescimento de produtividade que também permite uma transição de trabalhadores para outros setores com produtividade potencialmente maior. No entanto, como mostra o exemplo do Brasil, os trabalhadores em transição nem sempre migram para empregos de maior produtividade, e o crescimento geral da produtividade também depende da dinâmica dentro desses outros setores”, lembra o estudo. Em contraposição, diz o texto, China e Índia conseguiram manter crescimento da produtividade nos setores de agricultura, manufatura e serviços, mesmo quando suas forças de trabalho fizeram a transição do setor agrícola para setores mais avançados da economia. O estudo Toward action: A G20 agenda for sustainable and inclusive growth (Rumo à ação: Uma agenda do G20 para um crescimento sustentável e inclusivo) afirma que o Brasil se tornou referência global em produtividade agrícola, tendo aumentado o volume de grãos que produz à taxa de crescimento anual de 4,3% entre 1980 e 2023, três vezes mais rápido que a expansão da área cultivada. O país conseguiu aumentar a produtividade da agricultura, em 5,5% entre 1997 e 2018, principalmente por meio de investimentos em pesquisa e desenvolvimento, adoção de tecnologia, programas de crédito para agricultores e desenvolvimento de terras, diz o texto. No mesmo período, a produtividade da indústria avançou 0,1%, enquanto a de serviços caiu 0,6%. Em outra pesquisa, a McKinsey mostrou o impulso dado por tecnologias para aumento de produtividade entre os agricultores brasileiros. Cerca de 50% dos agricultores disseram que estavam adotando ou dispostos a adotar algum item de aumento de produtividade, incluindo software de gestão, agricultura de precisão, sensoriamento remoto e tecnologias relacionadas à sustentabilidade. Vijay Gosula, diretor global de práticas de operações da McKinsey, observa que o setor agrícola no Brasil é um “exemplo notável” de como aumentar a produtividade de um país, mesmo com uma grande parte do PIB concentrada em setores mais comoditizados. No entanto, para que a movimentação de mão de obra possa gerar ganhos de produtividade no restante da economia, tornando-a mais resiliente, é necessário capacitar esses talentos para desempenhar tarefas complexas no setor de serviços, que receberá a maior parte desse fluxo de trabalhadores”, afirma.
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