Cafés especiais da Chapada de Minas ganham o mundo
Conheça as histórias dos pioneiros que chegaram à região do Vale do Jequitinhonha há 40 anos Há 40 anos um grupo de cafeicultores do Paraná, desanimados com geadas que devastaram suas lavouras, migrou para o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Os produtores foram atraídos pelo valor baixo das terras, ausência de geadas, grande amplitude térmica e, especialmente, pelos financiamentos facilitados do Banco do Brasil que visavam desenvolver a região marcada pela pobreza. Leia também Café da Chapada de Minas vence prêmio e alcança R$ 5.500 a saca Programa quer recuperar áreas degradadas com cultivo de café canéfora em SP Café da Chapada Diamantina, na Bahia, ganha Indicação Geográfica Atualmente, a região de 22 municípios no Vale do Jequitinhonha conhecida pela marca coletiva "Chapada de Minas" tem cerca de 5.800 produtores de café do tipo arábica, que empregam 20 mil pessoas direta e indiretamente. Localizada entre os rios Doce, Mucuri e Jequitinhonha, a área tem solo rico em minerais, altitude de até 1.200 metros, clima úmido e temperaturas agradáveis. A região, que se tornou referência de café de qualidade no país e no exterior, investe em tecnologia e trabalha para ter o registro de Indicação Geográfica (IG) que já foi concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) a outras seis regiões mineiras produtoras de café: Cerrado, Matas de Minas, Vertente Minas, Mantiqueira de Minas, Sudoeste de Minas e Canastra. A produção anual média é de 600 mil sacas de 60 quilos e a área plantada atinge 30 mil hectares. O café e o eucalipto, que chegou primeiro à região e ocupa 300 mil hectares, são os motores do desenvolvimento econômico. Julian Rodrigues, analista técnico do Sebrae na Chapada de Minas, conta que a quebra de uma cooperativa de cafeicultores em 2012 desanimou muitos produtores, mas a aposta nos cafés especiais e na sustentabilidade da produção, assim como a criação do Instituto do Café da Chapada de Minas (ICCM) em 2019, revolucionaram o cenário da cafeicultura na região. A Chapada de Minas se tornou referência de café de qualidade no país e no exterior Divulgação Pioneiros “Quando chegamos aqui, só tinha mato. Fomos chamados de doidos por querer plantar café nessas terras de solo muito pobre. Investimos muito em correção e adubação do solo e começamos o plantio com muitos desafios. Só não faltava mão-de-obra”, conta um dos pioneiros, o descendente de japoneses Claudio Nakamura, que planta 60 hectares de café, sendo 10 hectares irrigados. Nakamura, filho de cafeicultores do Paraná, migrou para o Vale do Jequitinhonha em 1986. Ele diz que na época a fertilidade do solo era muito baixa, faltava chuva e até dez anos atrás a produtividade era menor do que a da lavoura da família que ficou no Paraná. O investimento na produção de café de qualidade, aproveitando o terroir da região, e na sustentabilidade foram a chave da virada. “Com irrigação, adoção de tecnologias no plantio, colheita e pós-colheita, a produtividade aumentou, investimos mais na produção de cafés especiais e agregamos valor”, diz o agricultor que tem certificação da lavoura, acaba de comprar uma colhedora de R$ 900 mil para suprir a escassez de mão-de-obra, abriu uma torrefação na própria fazenda e planeja aumentar a área plantada na próxima safra. Eder Nakamura e seu pai, Claudio Nakamura, produzem cerca de 2 mil sacas de café por ano Sebrae Minas/Divulgação O pioneiro produz cerca de 2.000 sacas por ano, com produtividade de 30 sacas por hectare, sendo 30% cafés especiais. A meta é chegar a 50% de cafés especiais, ou seja, grãos sem impurezas e defeitos que possuem atributos sensoriais diferenciados e alcançam pontuação superior a 80 na escala SCA, que vai até 100. A sucessão também já está encaminhada. O engenheiro ambiental Eder Nakamura, um dos três filhos, voltou do Japão há três anos e passou a ajudar o pai nos negócios, com foco na comercialização do café. Colhendo bons resultados Outro pioneiro que está investindo no café na Chapada e colhendo bons resultados é Dailton Antonio Ribeiro, que migrou do sul de Minas na década de 1980 depois que um tio que era prefeito de Capelinha o convenceu a aproveitar a oportunidade de adquirir terras mais baratas na região. Ele comprou uma fazenda no município que, até então, só tinha plantio de eucalipto. “Começamos a plantar café com temor e muitas dificuldades. Aqui era considerada uma terra de viúvas porque os maridos migravam para o corte de cana em São Paulo. Por muitos anos, ninguém acreditou na qualidade do nosso grão, mas agora o café da Chapada está sendo reconhecido em todo o país e no exterior.” Para mecanizar a produção e fugir da falta de mão-de-obra, ele trocou a propriedade em Capelinha pela Fazenda Sagarana em Diamantina, onde tem 250 hectares de café irrigado em área totalmente plana e está plantando mais 70 hectares. A produtividade dobrou com a irrigação. Para completar, o veterano adquiriu participação em uma torrefadora de café especial para exportação
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