Produção de mudas de abacaxi pode ser mais rápida com uso de bactérias
Pesquisa inédita da Embrapa identificou que o uso de microrganismos pode acelerar em 34% o ciclo produtivo da fruta Uma nova descoberta científica da Embrapa mostra que o tempo da produção de mudas do abacaxi pode acelerar em até 34% graças a um processo chamado de microbiolização, que consiste na "aclimatização das mudas micropropagadas". O método gera três ciclos produtivos no mesmo período que gerava dois, com mudas mais resistentes e sadias. O experimento foi realizado com a variedade BRS Imperial. Leia também E por que isso é tão relevante para a produção de abacaxi do Brasil? Hoje, um dos principais problemas é o período de produção de mudas que, às vezes, demora até um ano. E o abacaxi necessita de mais de 30 mil mudas por hectare. Em um primeiro momento, a ideia central do estudo era promover a replicação de mudas de variedades de abacaxi consumidas no Brasil para estabelecer um modelo de conservação da planta. Foi então que os pesquisadores da Embrapa decidiram fazer novos testes. Em um segundo estudo, os cientistas lançaram mão dos principais grupos de microrganismos que se mostraram promotores de crescimento e testaram "em ambientes de produção de mudas in vitro (estágio de enraizamento), in vivo (aclimatização na casa de vegetação) e também em condições de semicampo (em vasos)". Initial plugin text Ao encontrar bactérias que estavam no solo onde o abacaxi era plantado, os profissionais perceberam que era possível ter mais benefícios a favor da produção da fruta. No desenvolvimento da pesquisa divulgada nesta terça-feira (5/11), a Embrapa contou com a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), e o estudo final foi publicado na revista Scientia Horticulturae, da editora holandesa Elsevier. Quando foram isoladas, essas bactérias se mostraram promissoras e, agora, vão para a fase de testes de campo. Até o momento, o estudo piloto inoculou uma das bactérias no cultivo "in vivo", isto é, em uma casa de vegetação, onde o tempo de aclimatização foi reduzido de 180 dias para entre 120 e 135 dias. Resultados O resultado do teste foi uma eficiência de 25% a 34%, refletindo diretamente em custos mais baixos para as biofábricas, além de tornar o processo de multiplicação de mudas economicamente viável, como afirmou a Embrapa. “Se você tem 34% de aumento de eficiência e a produção de muda é constante, isso pode ter um impacto grande no número de ciclos que você vai conseguir fazer por ano. Se o ciclo era de 180 e caiu para 120, com o tempo de dois ciclos, posso fazer três. Em 360 dias, consigo três ciclos dentro da casa de vegetação. Isso faz uma grande diferença para a empresa produtora de muda”, detalha o fitopatologista Saulo Oliveira, pesquisador da entidade e coordenador dos trabalhos. A pesquisa integra o conjunto de esforços da Empresa na busca de um sistema de produção do abacaxizeiro mais sustentável. “A utilização de microrganismos como promotores de crescimento não é novidade. No entanto, essa abordagem, que utiliza bactérias do próprio microbioma do abacaxi, é nova", diz a pesquisadora da Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA), Fernanda Vidigal, líder do projeto. "Nosso estudo investigou o potencial de crescimento dos isolados e o microbioma do solo associado ao abacaxi, visando minimizar perdas, promovendo o crescimento e reduzindo o tempo de aclimatização de mudas", ressalta. O objetivo é oferecer aos produtores um material propagativo de melhor qualidade. A pesquisa - nomeada de “Uso de insumos biológicos na produção de mudas e melhoria do cultivo do abacaxizeiro” - foi financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com a continuidade dos projetos custeados pela Embrapa. Multiplicação “Nossas pesquisas são sempre baseadas no BRS Imperial e no Pérola. O protocolo para a multiplicação de mudas de abacaxi via micropropagação não tem mistério. O problema é o tempo que a muda micropropagada leva na etapa de aclimatização em casa de vegetação. Para se ter uma ideia, uma muda de banana, com 45 dias, pode sair da casa de vegetação e ir para outra etapa. A de abacaxi não, isso pode levar meses, o que encarece demais a muda”, compara a pesquisadora. Ainda fazendo um paralelo com a cultura da bananeira, ela lembra que a densidade do abacaxi no campo fica entre 30 mil a 40 mil plantas por hectare, bem diferente da banana, produzida por cerca de 1 mil plantas na mesma área. É grande, portanto, a demanda por mudas sadias e em larga escala. Por isso, é importante investir na redução desse tempo na produção da muda. Para produzir as mudas, a Embrapa instituiu a Rede Ananás, responsável por cuida dos taleiros, que são agentes produtores e multiplicadores de mudas de abacaxi em larga escala, utilizando a técnica do corte do talo da planta. Já existem alguns pelo país, que recebem os materiais básicos da Embrapa multiplicados pelo Instituto Biofábrica da Bahia (IBB), em Ilhéus. O que é muda micropropagada? Testes com mudas em casa de vegetação Divulgaç
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