Brasil deve passar os EUA e virar líder global de exportações agropecuárias

Ouça este conteúdoUm feito histórico deve ocorrer no ciclo produtivo 2024/25, quando são altas as probabilidades de o Brasil passar os Estados Unidos e se tornar líder mundial nas exportações agropecuárias. No ano passado, a vantagem americana foi de apenas US$ 9 bilhões (US$ 174 bilhões contra US$ 165 bilhões), números que tendem a se repetir neste ano.Para 2025, com safra brasileira recorde, o Ministério da Agricultura projeta exportações do agro na casa dos US$ 180 bilhões. Os EUA, em contrapartida, devem ficar em US$ 169,5 bilhões.Apesar da disputa acirrada, Brasil e EUA vivem situações opostas quanto ao impacto do agronegócio no desempenho da balança comercial. Aqui as receitas com exportação são dez vezes maiores (US$ 165 bilhões em 2023) do que os gastos com importações do setor (US$ 16,47 bilhões no mesmo ano).Os EUA, enquanto isso, são atualmente importadores líquidos de alimentos. Em 2023 importaram US$ 195 bilhões contra US$ 174 bilhões exportados, gerando um déficit de mais de US$ 20 bilhões, conforme dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).Dólar em alta encarece produtos do agro americano Em 2024, o déficit americano no agro deve fechar em US$ 30,5 bilhões. E com previsão de se expandir em 2025, chegando a US$ 42 bilhões, segundo o USDA. Parte da explicação está na força do dólar, que tem encarecido os produtos americanos no exterior. Ao mesmo tempo, a moeda robusta favorece a aquisição de bens agrícolas de outros países.Outros motivos incluem a diminuição das cotações de commodities importantes como soja, milho e algodão, assim como queda nas exportações do "american beef".Em setembro, a marcha brasileira para liderança global nas exportações agropecuárias foi abordada pelo think tank norte-americano Atlantic Council, com sede em Washington D.C. “Com o potencial de ser o maior exportador global de alimentos, o Brasil deve se preparar estrategicamente para esse papel e o mundo deve apoiá-lo”, escreveram analistas do instituto.Brasil está no topo da lista dos celeiros do mundoO estudo “Brasil 2050: uma visão para a segurança alimentar global” coloca o país no topo da lista dos celeiros do mundo com maior potencial de crescimento.“Devido à sua incrível dotação natural, seus setores avançados de agronegócio e pesquisa, sua estabilidade em um mundo instável e sua integração bem desenvolvida na agricultura global e nos mercados de alimentos, o Brasil é agora e continuará sendo uma potência agrícola líder e um parceiro crítico no enfrentamento da crise global de alimentos”, dizem os autores do estudo, Valentina Sader e Peter Engelke.O alerta, contudo, é de que não há caminho plano para garantir a segurança alimentar de 10 bilhões de pessoas no planeta em 2050. Das interrupções das cadeias de suprimentos na pandemia de Covid às guerras da Ucrânia e do Oriente Médio, passando por conflitos e restrições comerciais impostas por governos, permanece desafiador garantir que os alimentos sejam comercializados de locais de excedente para locais de déficit. “Essas forças [geopolíticas] provavelmente continuarão e, talvez, piorarão”, diz o Atlantic Council.Dólar forte tem aumentado o déficit da balança comercial do agro norte-americano| Christian Rizzi / Arquivo Gazeta do PovoRestrições às exportações agropecuárias: armadilha em que o Brasil não caiuMedidas protecionistas para restringir exportações agropecuárias, como ocorreu na Argentina nas últimas décadas, e com as quais o governo Lula costuma flertar, não estão no rol de ações que vão garantir ao Brasil uma liderança firme no abastecimento global de alimentos. Na atual legislatura, um grupo de 13 deputados petistas protocolou projeto para cobrar imposto de exportação sobre grãos e carnes quando houver situação de ameaça ao abastecimento interno. Justamente na contramão do que tem dado certo.“A ascensão meteórica do Brasil ao primeiro lugar entre os produtores globais de alimentos se deve, em parte, à adoção de um modelo voltado para o exterior que abraçou o comércio global. Durante as crises mundiais de segurança alimentar, os formuladores de políticas do Brasil reconheceram amplamente os perigos e resistiram às medidas protecionistas para restringir suas exportações agrícolas, ao contrário de vários outros grandes produtores”, diz o estudo.É quase consenso que o agro brasileiro ainda tem pela frente uma sequência de anos de forte expansão, tracionada por contínua agregação de novas áreas à produção. O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) divulgou em outubro projeções sobre o crescimento de Mato Grosso nos próximos dez anos. Como o estado concentra praticamente um terço da produção agropecuária nacional, trata-se de um bom termômetro do setor como um todo.Mato Grosso expande os cultivos e as exportações agropecuáriasSomente a área de soja, principal cultivo agrícola de Mato Grosso, deve chegar a 16,62 milhões de hectares na safra 2033/34. Um crescimento de 33% em relação à área plantada em 2023/24. A taxa média an

Brasil deve passar os EUA e virar líder global de exportações agropecuárias
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