Brasil é pioneiro em genética e cultivo de Cannabis -- falta o agro reagir

As vendas de extrato de cannabis em farmácias brasileiras mais que triplicaram no primeiro semestre de 2024 em comparação ao mesmo período de 2023, segundo a BRCann (Associação Brasileira da Indústria de Canabinóides). Já a consultoria Kaya aponta que o mercado da planta poderia movimentar R$ 26 bilhões por ano no país.A planta é de ciclo curto (como a soja), cultivada na terra em pleno sol ou estufa, com centenas de genéticas ao redor do mundo e alta capacidade de absorção de dióxido de carbono. Pode ser inserida na rotação de commodities em larga escala e gerar renda à agricultura familiar. Possui uso medicinal e têxtil, além da substituição ao plástico e sementes ricas em proteína, corroborando com a agenda da segurança alimentar.O que o agro está esperando para se inserir nesta realidade, inclusive falando com o consumidor da cidade, tido como a maior barreira de comunicação do próprio setor?Eu fiz essa pergunta na ExpoCannabis para produtores rurais, engenheiros florestais e universidade. As percepções são as mesas: "O Brasil está perdendo o tempo", "Estamos muito atrasados", "Os empresários não querem levar o assunto ao board e assumir riscos".Enquanto o setor produtivo demora para quebrar preconceitos, judicialmente, algumas mudanças têm ocorrido no Brasil, a exemplo da descriminalização do porte de até 40 gramas da planta para consumo próprio. Também a recente autorização do STJ (Superior Tribunal de Justiça) para importação de sementes e cultivo de cânhamo industrial para fins medicinais.No entanto, de nada adianta a permissão de plantio, se o Ministério da Agricultura e a Anvisa não tiverem regulamentações e registros para sementes e genéticas. As fontes dizem que faltam os órgãos "apertarem um botão" para destravar uma indústria que se desenvolve em paralelo aos regramentos.

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