Mais de 50% dos canaviais não vão se recuperar dos incêndios
03/12/2024 Mais de 50% dos canaviais não vão se recuperar dos incêndios Foto Reprodução - Reuters Estudo conclui que forma de cuidar do solo mudou devido às mudanças climáticas; priorizar o plantio de cana sobre cana pode reduzir perdas A estiagem severa e os incêndios florestais intensos que marcaram boa parte do país a partir de maio deste ano afetaram diversas culturas, especialmente a cana-de-açúcar. Agora, o retorno das chuvas trouxe um novo desafio: avaliar a germinação das soqueiras nos canaviais do início da safra. Assim, o setor sucroenergético tenta entender como recuperar o solo para que as plantas se desenvolvam e que a colheita seja produtiva. Para sanar ou, ao menos, entender este desafio, pesquisadores da Massari Fértil, em parceria com o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), estão estudando as principais causas dos incêndios e as soluções para a perda da eficiência do solo e a necessidade de reposição de nutrientes. “A seca foi tão intensa que canaviais novos, de 2º, 3º e 4º cortes, simplesmente não brotaram. Estimamos que teremos uma área representativa de canaviais com mais de 50% de falhas de brotação, não sendo viáveis economicamente o replantio e tratos culturais. Em resumo, perda do canavial”, avalia Cláudio Monteiro, químico da Massari. Restauração do solo pós-incêndios Em nota técnica, os pesquisadores destacam que a restauração do solo se apresenta como um dos maiores desafios para o setor, pois a palha que recobria as plantas virou cinza, eliminando parte dos nutrientes do solo. Uma das soluções para mitigar os prejuízos é priorizar o plantio de cana sobre cana, utilizando o sistema Meiosi fase 1 (Método Interrotacional Ocorrendo Simultaneamente), com início em novembro de 2024 e projeção até abril de 2025. No entanto, Monteiro ressalta que o preparo do solo sob chuvas intensas pode causar erosão, exigindo práticas mais sustentáveis, como o preparo reduzido e a aplicação de corretivos micronizados. “Esses produtos são aplicados diretamente na superfície e utilizam as chuvas para alcançar e corrigir o perfil completo do solo”, destaca o químico. Aumento nas temperaturas O Instituto Agronômico de Campinas (IAC) acompanha desde 1980 as temperaturas diárias e detectou um aumento significativo, de mais de 1ºC, nas temperaturas máximas e mínimas ao longo das últimas décadas. “Esse cenário é preocupante, pois limita o desenvolvimento das culturas e, consequentemente, a produtividade”, alerta Monteiro. Diante destas mudanças climáticas, o especialista defende que a análise do solo se torna indispensável e deve ser realizada, pelo menos, uma vez por ano para garantir propriedades físicas e químicas adequadas. “Precisamos mudar a forma como tratamos a questão da correção e nutrição do solo. O que era feito há cinco anos, com as mudanças no clima, já não oferece o mesmo resultado. É preciso conhecer a fundo o tipo do solo e as suas necessidades para não ter perdas no cultivo e financeiras”, conclui (Canal Rural, 3/12/24)
Essa é mais uma manchete indexada e trazida até você pelo site Agromundo.NET