Bem-estar animal é componente agregador de valor e de competitividade no setor de proteína animal, segundo especialistas
Bem-estar animal é componente agregador de valor e de competitividade no setor de proteína animal, segundo especialistas Publicado em 10/12/2024 16:30 Durante debate em webinar, consenso é de que práticas de bem-estar animal devem acontecer em um ambiente de colaboração entidades públicas e privadas, além de outros integrantes do setor produtivo A discussão sobre práticas de bem-estar animal, para além dos benefícios para os animais de criação comercial em si, perpassa o ambiente de ESG nas empresas (Meio Ambiente, Social e Governança, na tradução em inglês) até chegar a ser considerado um diferencial que aumenta a competitividade de determinados produtos. Durante discussão no webinar “Bem-estar animal em uma nova era de ESG”, organizado pela Colaboração Brasileira de Bem-estar Animal (COBEA), especialistas discutiram o tema e quais caminhos o Brasil segue para melhorar o setor de proteínas animais e rações. No caso da área de nutrição animal, que em muitos produtos utiliza ingredientes vindos do setor de produção de carnes, João Paulo Figueira, gerente de Desenvolvimento Sustentável da Special Dog Company, explica que a qualidade dos produtos virou uma commodity, e que práticas de sustentabilidade e bem-estar animal viraram um diferencial que trazem mais competitividade. “Até 2022 a gente acreditava que produzir alimentos de qualidade e oferecer longevidade bastava (a animais de estimação), mas virou a chave que precisávamos olhar para a cadeia que fornecia os suprimentos e promover essa transformação de forma geral. A gente entende que com certeza, para os principais players de petfood, qualidade hoje é uma commodity que não diferencia mais estas grandes indústrias, não diferencia mais frente ao consumidor, e o bem-estar animal virou um driver essencial de competitividade no mercado petfood”, disse. “Daqui pra frente, cada vez mais, a gente vai ter a sustentabilidade, ESG e bem estar como driver para diferenciar as empresas e torná-las mais competitivas”, complementou Figueira. Elisa Tjarnstrom, diretora executiva da COBEA, aponta que hoje há um consenso de que o bem-estar animal promove uma boa nutrição humana e segurança alimentar, além de melhorar índices zoonóticos de animais e melhor conversão alimentar. Mais do que isso, ela liga práticas de bem-estar animal à sustentabilidade e mostra como ao longo dos anos algumas empresas passaram a enxergar também os ganhos comerciais. “Estamos vendo os relatórios de sustentabilidade cada vez mais obrigatórios, o que faz com que as empresas vejam suas produções com mais profundidade. Ou seja, não é mais possível que uma empresa alegue que não sabe o que acontece na sua linha de produção”. A diretora executiva da COBEA aponta que, em 11 anos, o número de empresas que reconhecem o bem estar animal como uma questão empresarial subiu muito, saindo de 70% em 2012 para 95% em 2023. Em 2012, 46% das empresas publicavam de maneira formal suas políticas de bem-estar animal, chegando a 87% em 2023. Elisa acrescenta que, em 2023, 73% das empresas começaram a relatar alguns dados de impacto de desempenho em sua cadeia de suprimentos global. “Se uma empresa tem bom desempenho na área de bem estar animal, geralmente tem bom desempenho em outras áreas ligadas à sustentabilidade”, acrescentou. Os relatos de desempenho da cadeia de suprimentos global mostra como um ambiente colaborativo pode ajudar nos avanços nas práticas de bem-estar animal. José Ciocca, diretor executivo da Produtor do Bem Certificações, afirma que existe a necessidade de “dar um passo atrás”, organizar o setor de produção de alimentos, criar uma estratégia a todos os que estão ligados nessa cadeia produtiva e de consumo e conceder essa certificação (de Produtor do Bem), mas de forma que seja cada vez menos um nicho de mercado. “Precisa melhorar o diálogo no setor, conectando os elos. O que a gente entende é que o Brasil precisa deixar de ser reativo e passivo e começar a demonstrar a capacidade de trabalhar de forma proativa e colaborativa, transcendendo o bem estar animal e saúde nos conceitos. São necessárias ferramentas adicionais para um sistema produtivo mais sustentável, porque muitas mudanças são sistêmicas”, afirmou. Para Ciocca, da pequena empresa/produtor até aqueles de maior escala, ampliar as práticas de bem-estar animal e as certificações só será possível de forma colaborativa e, para isso, a participação de toda a cadeia agroalimentar é fundamental. “Isso vai desde as redes de restaurantes, até outras redes varejistas, porque são players que acabam fazendo conexões com pequenos e grandes produtores, trazendo a possibilidade de que todos participem”. GOVERNO COMO PROPAGADOR DA SUSTENTABILIDADE DA PRODUÇÃO BRASILEIRA Sobre a importância da colaboração, proatividade e liderança para o setor de proteínas brasileiro, o diretor do Departamento de Promoção Comercial e Investimentos do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), Marcel Moreira
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