Biodiesel estimula aportes bilionários até 2027
Itaú BBA mapeou 13 projetos para ampliação de esmagamento, que demandarão R$ 11,3 bilhões Indústrias de óleos vegetais devem investir cerca de R$ 11,3 bilhões entre 2025 e 2027 para ampliar a capacidade de esmagamento de soja, de acordo com levantamento do Itaú BBA antecipado ao Valor. Os aportes se referem a 13 novos projetos mapeados pelo banco, que deverão adicionar uma capacidade de esmagamento de soja de 11,1 milhões de toneladas ao ano no Brasil. Leia também Biocombustíveis devem movimentar R$ 1 trilhão no Brasil até 2034 Uso de biocombustíveis pode antecipar meta de redução de emissões O que justifica esses investimentos é sobretudo o cenário promissor para a demanda por biodiesel no Brasil nos próximos anos, afirma Lucas Brunetti, analista da Consultoria Agro do Itaú BBA. “A atividade de esmagamento mostra rentabilidade no país. Foi preciso esmagar mais para atender a produção de biodiesel, que tem demanda contratada até 2030. Mas delimitamos a análise até 2027 porque é até quando temos visibilidade dos investimentos”, observa o analista. Pelas projeções do Itaú BBA, o consumo de biodiesel no país deve sair de 9,3 bilhões de litros neste ano e alcançar 12,3 bilhões de litros em 2027. Com os investimentos mapeados pelo banco, a capacidade de esmagamento de soja da indústria brasileira deverá ter incremento de 37 mil toneladas por dia até 2027. Esses aportes aumentariam a capacidade instalada efetiva de processamento de 59,8 milhões de toneladas em 2024 para 72,1 milhões em 2027. Assim, a moagem estimada subiria de 54,5 milhões de toneladas neste ano para 66,3 milhões em 2027, crescimento anual de 6,8%. Além da política de aumento na mistura de biodiesel ao óleo diesel, cujo teor será de 15% em 2025, a Lei Combustível do Futuro, sancionada em outubro pelo governo, deve incrementar a procura pelo biocombustível, segundo Lucas Brunetti. “Há tempos não víamos números tão grandes de recursos destinados ao esmagamento. Já havia uma ideia de que o aumento na produção de biodiesel iria acontecer, mas o Combustível do Futuro intensifica esse apelo por demanda, já que prevê a mistura de até 25%”, destaca. À época da sanção do Combustível do Futuro, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, estimou em R$ 260 bilhões o potencial de aportes do setor nos próximos anos. Conforme cálculo divulgado pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), em maio, para atender o percentual de mistura de 25%, serão necessários investimentos de R$ 52,5 bilhões na construção de novas usinas e esmagadoras. Para medir o impacto desse aumento da capacidade de esmagamento, o Itaú BBA projetou cenários para o balanço entre oferta e demanda de soja no país nos próximos anos. A previsão é que a colheita passe dos 167 milhões de toneladas em 2024/25 para 178 milhões na safra 2026/27. No intervalo, as exportações sairiam de 105 milhões para 110 milhões de toneladas. Com o aumento na oferta de soja no país, o esmagamento deve registrar crescimento de 6,8% ao ano. Consequentemente, a produção de óleo de soja — principal matéria-prima do biodiesel — deve crescer quase 3 milhões de toneladas entre 2024 e 2027, para 12,8 milhões de toneladas, segundo as projeções do banco. A capacidade de esmagar mais soja também deve levar o Brasil a aumentar a produção de farelo, de 42,5 milhões de toneladas para 49,2 milhões. Para as exportações, o aumento será de 3,7 milhões, para 25,8 milhões de toneladas. “O excedente exportável irá crescer de maneira acentuada, trazendo um ponto de atenção para esse mercado. A exportação deve ser maior, em linha com o consumo interno, porém, os estoques aumentariam de forma importante”, destaca o Itaú BBA. O levantamento apontou que os estoques finais de farelo de soja no Brasil devem passar de 2 milhões de toneladas neste ano para 4,9 milhões em 2027. “Caso o nosso cenário se concretize, os preços relativos do farelo serão um vento a favor da indústria de proteína animal, já que ela deverá ter um dos seus principais insumos com preços muito competitivos. Isso por sua vez irá ajudar a absorver o excedente de farelo ao demandar mais insumos”, acrescenta o relatório.
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