Após atingir recorde em novembro, cotações do suíno recuam segundo levantamento da ABCS

Desde junho as cotações do suíno vivo e das carcaças apresentaram alta, até atingir recorde nominal em novembro. A escassez de carne suína no mercado doméstico, ocasionada pela produção estável e exportações em alta, se intensificou em outubro e novembro, com a esperada “sobre demanda” de fim de ano. Porém, na entrada do mês de dezembro houve um recuo significativo no preço pago ao produtor, dando mostras de que a alta sazonal passou (gráficos 1 e 2). Analisando a bolsa de suínos de Belo Horizonte (BSEMG), a queda, em duas semanas, foi de pouco mais de 22% (tabela 1), saindo de R$ 10,30 em 28/12 para R$ 8,00 em 12/12. Como não houve alterações significativas na produção e exportação neste curto período, sugere-se que parte desta acentuada queda seja resultante de movimento especulativo, intensificado pelo efeito “manada” de produtores ofertando mais para aproveitarem o melhor preço antes da retração. A tradicional “sobre demanda” de final de ano já foi suprida e espera-se, para as próximas semanas uma acomodação dos preços em patamares muito similares a média praticada entre julho e setembro/24, período que antecedeu às “campanhas de fim de ano” da indústria e do varejo. Segundo o CEPEA, o cenário de altas acentuadas observado ao longo de novembro foi resultado de uma união de fatores: demandas interna e externa aquecidas, oferta restrita de animais para abate e ganhos de competitividade da proteína suína em relação à carne bovina no mercado doméstico (maior patamar desde junho/23). Chama bastante a atenção o movimento do mercado de boi gordo que, a exemplo do suíno, teve alta bastante acentuada nos últimos meses, atingindo valores máximos em novembro, com recuo na entrada do último mês do ano (gráfico 3). A carcaça bovina que dia 27 de novembro chegou a bater em R$ 352,65/@ em São Paulo (CEPEA), despencou para R$ 313,80 em 13 de dezembro, queda de 11% em pouco mais de duas semanas (gráfico 4). As exportações de carne suína in natura seguem superando marcas do ano anterior, com volumes acumulados de janeiro a novembro de 2024, praticamente igualando os volumes totais de 2023 (tabela 2). Também a redução da dependência da China, com crescimento das Filipinas como principal destino, e outros compradores relevantes segue a tendência de pulverização das vendas externas (tabelas 2, 3 e 4 e gráfico 5). Sobre os insumos, a CONAB divulgou, no último dia 12, o terceiro levantamento da safra brasileira 2024/25, sem grandes alterações em relação ao anterior. Já o USDA, em documento publicado dia 09, estimou redução dos estoques finais da safra mundial 2024/25 de MILHO em quase 8 milhões de toneladas em relação ao levantamento de novembro (-2,6%). Segundo o Cepea, em novembro, o poder de compra de suinocultores paulista se recuperou frente ao milho e cresceu pelo quinto mês seguido em relação ao farelo de soja. Porém, com a queda do preço do suíno em dezembro, mesmo com a estabilização do preço do milho (gráfico 6), a tendência é de redução do poder de compra do suinocultor em relação ao cereal. O balanço do setor no mês de novembro foi o de melhores margens financeiras (tabela 5), mesmo com os custos em elevação no período. Considerações finais Para o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, apesar da retração de preço nas últimas semanas, a suinocultura brasileira teve em 2024 um ano de recuperação, com margens positivas e produção estável. “Com a virada do ciclo pecuário da bovinocultura de corte, 2025 deve ocorrer redução de disponibilidade interna de carne bovina, sem ainda um crescimento expressivo da produção de suínos, determinando a insuficiência de oferta de proteína animal diante da demanda doméstica e internacional, o que deve possibilitar bons preços para os produtores, a exemplo do que vimos no segundo semestre de 2024. Quanto aos insumos é preciso atenção maior sobre o milho, não somente na produção brasileira, mas também nos estoques mundiais que sinalizam para serem os mais baixos dos últimos anos”, conclui.  Assuntos Relacionados

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