Descubra de onde vem a cereja, fruta típica do Natal

Apesar de ser consumida nas festas de fim ano, toda cereja disponível nos mercados brasileiros é importada A lista das frutas consumidas nas festas de fim de ano pode variar conforme a região do Brasil por causa da extensão territorial. Afinal, são mais de 8 milhões de quilômetros quadrados. Mas, entre as preferidas no Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste está a cereja, típica do Natal brasileiro e incluída nas sobremesas e pratos salgados e principais da ceia, como carnes e saladas. Leia mais Cereja em calda é chuchu? Entenda a polêmica e veja receita Que fruta é essa? Cereja-do-rio-grande é comestível e saborosa O que plantar em dezembro? Veja os principais cultivos do mês Apesar do alto consumo nos lares nesta época, você sabia que a fruta pequena de casca vermelha e polpa doce e suculenta não tem produção comercial no país? De janeiro a novembro de 2024, o Brasil importou cereja, principalmente, do Chile, segundo dados do Comex Stat, portal do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. De onde vem a cereja vendida no Brasil? “Agora coincide com a época que estão colhendo. E a Argentina exporta também, mas é uma quantidade menor. Em outros períodos, quem vende são os Estados Unidos e a Espanha, mas não é muito. O Chile, realmente, é o grande exportador”, conta Alberto Fontanella Brighenti, professor de fruticultura e viticultura da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). + Veja dez flores de dezembro para decorar a casa nas festas Por que o Brasil não produz cereja? O conflito entre as condições climáticas do país e a exigência das principais cultivares da fruta explicam a ausência de produção comercial, afirma o especialista ouvido pela Globo Rural. Apesar do frio intenso na região Sul durante o inverno, com temperaturas negativas, geadas e até neve, ele ainda não é suficiente para permitir o cultivo. Outro fator é o excesso de umidade nas estações mais chuvosas. + Tuia-holandesa: como plantar e cuidar da árvore de Natal “A cereja tem duas fases importantes: a florada e a colheita. Em ambas, é necessário que o tempo esteja seco, e isso não acontece aqui”. Na floração da cerejeira, momento registrado durante a primavera no Hemisfério Sul, as chuvas são frequentes, dificultando a fecundação e a polinização. O mesmo ocorre no verão, quando os frutos já estão desenvolvidos. Se forem afetados pela umidade, podem sofrer rachaduras na casca e diminuir a produção. “Temos um exemplo aqui no Sul que é a maçã, fruta muito cultivada em Santa Catarina e que precisa do frio. Ela já é bem exigente com as temperaturas baixas, mas a cereja é mais ainda. Por isso, a ausência de cultivo e a necessidade de importação para abastecer mercados”, revela. Initial plugin text Tentativas frustradas de produção De acordo com Alberto Brighenti, a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) realizou testes com variedades de cereja adquiridas nos Estados Unidos e Canadá nas décadas de 80 e 90, mas sem sucesso. A cidade escolhida para o cultivo foi São Joaquim, considerada uma das mais frias do país. “Em conversa com os pesquisadores, eles relataram que a planta florescia, mas não frutificava direito e que havia problemas quando produziam frutos, pois tinham rachaduras. Então, a gente já vê indícios da dificuldade de adaptação. Possivelmente, tinha problema na polinização também”. Uma das alternativas para tentar viabilizar a cultura no Brasil, conforme o professor da UFSC, seria a produção em ambiente protegido, como uma estufa, com controle de temperatura e umidade, conforme as exigências de cada variedade de cereja, como já acontece em alguns países. “Isso consegue reduzir os problemas, mas o investimento é bem alto. Outra possibilidade seria buscar variedades com uma exigência menor em relação ao frio, por exemplo, como aquelas plantadas em Portugal e Espanha, países não tão frios como Canadá e algumas áreas dos Estados Unidos”, finaliza ele. No Chile, principal exportador das cerejas consumidas no Brasil, duas variedades se destacam: lapins e santina. Nos Estados Unidos, o cultivo predominante nas lavouras é de bing e rainier.