Combustível do Futuro fomenta a indústria do biodiesel no Brasil
Governo espera que a nova lei destrave investimentos de R$ 260 bilhões em vários segmentos É inquestionável a relevância do Combustível do Futuro para o Brasil liderar a transição energética e atender às metas de descarbonização globais. Porém, a lei apenas traça diretrizes. Os avanços virão a partir de ações em diferentes frentes – e, por vezes, convergentes – dos setores público e privado e de entidades de classe. O marco regulatório é um passo crucial rumo à mobilidade de baixo carbono, mas não podemos perder de vista que medidas e investimentos de incentivo a combustíveis sustentáveis precisam ser aplicados no país. Então, é momento de reflexão para ampliarmos os horizontes acerca das perspectivas a partir da Lei Combustível do Futuro. Saiba-mais taboola A regulamentação contempla medidas em biocombustíveis, como combustível sustentável de aviação (SAF), diesel verde, biometano, etanol e biodiesel. O Governo Federal espera que a nova lei destrave investimentos de R$ 260 bilhões em vários segmentos e calcula que as ações devam evitar a emissão de 705 milhões de toneladas de CO2 até 2037. O biodiesel terá papel relevante neste novo cenário, considerando o aumento gradual da mistura ao óleo diesel, saindo dos atuais 14% para 20% até 2030 e com possibilidade de atingir até 25% a partir de 2031. Assim, a previsibilidade do marco legal para esse setor fortalece o mercado e movimenta a economia. Em 2023, a produção de biodiesel no Brasil cresceu 19% em relação a 2022, chegando a 7,5 bilhões de litros consumidos. Seguimos em curva ascendente. Segundo a última atualização da Agência Nacional de Petróleo e Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), foram 5,9 bilhões de litros fabricados até agosto, o que corresponde 23% a mais se comparado ao mesmo período do ano passado. Globo Rural O quadro é reflexo de regulamentações recentes da elevação escalonada do teor de biodiesel ao diesel, trazendo ânimo para o mercado depois de um período de ociosidade. Portanto, o Combustível do Futuro vem em boa hora ao dar continuidade a essa expansão. Os impactos transcendem a indústria do biodiesel com projeções otimistas também para a agricultura. A projeção para 25% de biodiesel no diesel até 2037 com o aumento a cada ano do consumo de diesel 2,5% é de que a demanda nacional do biocombustível terá um incremento de 13,9 bilhões de litros, sendo 74% resultantes da nova legislação. Pela estimativa do Radar Agro, do Itaú BBA, tal quadro aqueceria o setor da soja, principal matéria-prima para a fabricação do biocombustível. Para atender à nova configuração, seriam necessários 15 milhões de toneladas de óleo de soja em 2037, frente aos 5,9 milhões de toneladas utilizados atualmente. Leia mais opiniões de especialistas e lideranças do agro O panorama é promissor para a economia brasileira, especialmente para o agronegócio. Reafirmamos que o sucesso da implementação da lei depende de uma coordenação eficaz entre os setores público e privado, com o apoio de agentes e representantes dessa cadeia. Diretrizes governamentais claras, objetivas e previsíveis garantem a segurança jurídica e regulatória e atraem novos investimentos. Com uma estrutura superior a 60 usinas e 14,6 bilhões de litros de capacidade de produção, a indústria de biodiesel nacional dispõe de enorme potencial para alavancar a transição energética no país. Assim, a Lei Combustível do Futuro é um incentivo para centrarmos ainda mais esforços em busca de inovação tecnológica e mobilização de capital. Além de atingir as metas de descarbonização com ampliação do uso de combustíveis limpos e renováveis em nossa matriz energética, oportunizamos benefícios sociais, econômicos e ambientais para toda a sociedade. Portanto, o momento de agir é agora, com efetivação das diretrizes desenhadas por esse novo marco regulatório. *Silvio Roman é diretor de Biodiesel do Grupo Delta Energia OBS: As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva de seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da Globo Rural
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