Boi em alta: o ciclo de ouro da pecuária brasileira permanece em 2025?
O aumento da produção de carne com maior eficiência e qualidade será um dos maiores desafios e, ao mesmo tempo, uma das maiores oportunidades para os próximos anos O setor agropecuário brasileiro vive um momento de crescimento e constante transformação. Depois de dois anos difíceis para o pecuarista, que foi impactado por desafios climáticos, retração nos preços da arroba do boi e ciclo da pecuária em queda, 2024 trouxe uma virada positiva. Considerando os dados divulgados pelo Indicador do Boi Gordo Esalq / B3, se compararmos o preço da arroba em 28 de outubro de 2024 (R$ 314,10) à cotação de 28 de novembro de 2024 (R$ 352,10), a variação teve um aumento de 12,09% em apenas um mês. Saiba-mais taboola Além de estarmos em um momento mais uniforme do ciclo da pecuária, o cenário positivo foi impulsionado também por um aumento expressivo nas exportações, principalmente para a China, que se consolidou como um dos principais mercados para venda de carne bovina brasileira. De acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), a exportação de carne bovina do Brasil atingiu 301,16 mil toneladas em outubro, um crescimento de 43,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, sendo 159.595 toneladas destinadas à China. Vale ressaltar que o contexto no mercado interno também está positivo, graças à economia favorável no país esse ano. Consequentemente, há um aumento significativo na busca por aprimoramento da produção, a fim de manter o crescimento interno e externo, e a tendência para 2025 é de um setor mais robusto e tecnificado. Para atender a mercados como o chinês, por exemplo, que tem uma preferência por carne mais magra, o pecuarista brasileiro precisou se adaptar rapidamente, entregando bois mais jovens. Isso exige o avanço na implementação de novas tecnologias em um setor que tem se reinventado constantemente para se manter competitivo. Globo Rural Nesta conjuntura, as boas práticas de manejo assumem um lugar de destaque quando o pecuarista pensa em investir no rebanho e alavancar a produtividade da fazenda. A maior produção de arroba por hectare será um ponto crucial para garantir a competitividade. Cuidados extras com a pastagem e compra de sementes, produtos relacionados à nutrição dos animais, defensivos, adubos, cercas, maquinário, herbicidas, entre outros, passam a ser essenciais. O aumento da produção de carne com maior eficiência e qualidade será um dos maiores desafios e, ao mesmo tempo, uma das maiores oportunidades para os próximos anos. Em relação ao mercado, a expectativa para 2025 é de um cenário favorável. Apesar de a arroba ter atingido uma cotação excepcionalmente alta em 2024, as previsões indicam que não devemos ter uma queda drástica no próximo ano. Certamente, haverá um momento de ajuste, mas a projeção é de uma arroba que não fique abaixo de R$ 300. Com isso, há uma tendência de redução no abate de fêmeas, resultando em maior foco na produção de bezerros e na ampliação da produtividade das fazendas. 2025 será um ano promissor. Estou com um olhar bastante otimista para a sustentação de um ciclo de crescimento sólido para o setor. Acredito que estamos no caminho certo e muito bem-posicionados no comércio global de carnes. O grande segredo está na inovação. A transição dos processos manuais para processos tecnológicos, automatizados, que contribuem para uma produção mais sustentável e maior produtividade por hectare, e um olhar mais atento para a nutrição, serão cuidados primordiais para garantir a competitividade do Brasil no mercado global. *Ary Rodrigues é CEO da Axia Agro OBS: As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva de seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da Globo Rural
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